Não à guerra na Ucrânia

Repúdio total à agressão militar da Rússia sobre a Ucrânia! Não à guerra!

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Após várias semanas de tensão, Putin avançou, na madrugada de 24 de Fevereiro, com uma invasão militar sobre todo o território ucraniano.

A incursão russa em território ucraniano começou simultaneamente pelo Donbass (Leste), pela Bielorrússia (Norte)e pela Crimeia (Sul). Um dos avanços significativos da ofensiva russa foi através do desembarque em Odessa, cidade do Sul, nas margens do Mar Negro. Foram registadas explosões em múltiplas cidades da Ucrânia, incluindo Kiev, Kharkiv, Kramatorsk, Dnipro, Mariupol, Odessa e Zaporizhzhia. Os ataques parecem ter sido dirigidos, sobretudo, a alvos militares e infraestruturas da Ucrânia, no sentido de aniquilar qualquer capacidade de resposta. A defesa aérea ucraniana foi “suprimida”, segundo Moscovo, e a resistência militar ou civil é praticamente inexistente. Até ao momento da conclusão deste artigo, registavam-se 50 baixas (40 militares e 10 civis). Ao início do dia de hoje, vários meios de comunicação relatavam que as tropas russas já estão em Kiev.

Justificação de Putin esconde motivações expansionistas. Não à guerra! Putin fora da Ucrânia!

Putin justifica a invasão militar da Ucrânia com o objectivo de “desmilitarizar e desnazificar” o país para “proteger as pessoas”. Este é o tipo de justificação que a própria NATO/EUA/UE utilizaram aquando da invasão do Afeganistão ou do Iraque: “suprimir armas de destruição maciça, democratizar e proteger civis”. As semelhanças são evidentes: falsas justificações para encobrir objectivos de expansão política, económica e militar.

Sendo do conhecimento público que as elites russas, ligadas ao regime de Putin, têm financiado várias forças políticas de extrema-direita europeia, tais como a francesa RN, de Marine Le Pen, ou a italiana Lega, de Salvini, fica difícil engolir que os objectivos de Putin sejam “desnazificar” ou “desmilitarizar” seja o que for. Putin não tem qualquer tipo de preocupação com o povo russo que governa com mão de ferro, há mais de duas décadas, estranho é que alegue agora qualquer tipo de preocupação com o povo ucraniano.

Voltamos a atravessar um período histórico marcado por mais uma profunda crise do sistema capitalista. Como temos insistido, a crise que se iniciou em 2008 não foi resolvida. Foi o reflexo de uma profunda reorganização do sistema produtivo mundial que fez deslocar uma parte considerável dos centros de acumulação de capital para o Leste Europeu, América do Sul e Ásia, sobretudo, para a China, empurrando as grandes potências mundiais para um processo de decadência. Resultando num crescendo das disputas económicas, políticas e militares entre as potências tradicionais em decadência e as novas potências emergentes, onde se enquadra a Rússia.

Neste contexto mundial, as potências ocidentais, mesmo afirmando que não têm interesse numa adesão da Ucrânia à NATO ou à UE, têm interesse em aproveitar as vantagens de uma aproximação ucraniana. Por sua vez, Putin avalia que a aproximação da Ucrânia às potências ocidentais ameaça de forma determinante a sua área de influência e as suas pretensões expansionistas, pelo que decidiu invadir militarmente a Ucrânia para pôr fim a tais aspirações.

Embora tenha passado despercebido, foi precisamente para prevenir um futuro cenário destes no Cazaquistão que, em finais de Dezembro passado, tropas russas entraram no país para controlar uma revolta popular contra o governo cazaque, aliado de Putin.

O objectivo de Putin, neste momento, é destruir as pretensões ucranianas de aproximação às potências ocidentais, derrubar o actual governo ucraniano e voltar a comandar os destinos daquele país à semelhança do que fazia através do ex-presidente Víktor Yanukóvytch, seu aliado, derrubado em 2014, pela mobilização popular.

O povo ucraniano, o povo russo e todos os povos da Europa são as vítimas nas mãos das pretensões imperialistas tanto da Rússia como das potências ocidentais. Repudiamos completamente a invasão militar russa sobre a Ucrânia, assim como as suas possíveis pretensões de anexação da Ucrânia, assim como repudiamos a política belicista da NATO.

Potências ocidentais procuram conter prejuízos e retirar todos os benefícios do conflito na Ucrânia

No xadrez mundial, Macron e Boris Johnson, a braços com um forte desgaste interno e, no caso francês, com eleições à porta, procuram colocar-se na dianteira das negociações diplomáticas, evidenciando-se como os supostos “soldados da paz”. No entanto, estes “soldados da paz” continuam a reforçar armamento e tropas da NATO nas imediações da Ucrânia. A sua hipocrisia só encontra paralelo na sua cobiça pela influência que podem conquistar na Ucrânia.

Sob pressão dos EUA, a Alemanha foi forçada a suspender o gasoduto Nord Stream 2. O Chanceler alemão, Olaf Scholz, tão dependente do gás russo, procura conter danos nas relações com a Rússia, daí não ter assumido qualquer papel central na actual crise.

Biden, ao comando da NATO, conseguiu debilitar as relações entre a Alemanha e a Rússia, abrindo importantes possibilidades de fornecer matérias-primas fósseis ao mercado europeu, um dos mais importantes do mundo, ao mesmo tempo que debilita a economia russa. Esta é uma importante vitória para os EUA e restantes potências ocidentais. Também, pouco preocupados com o povo ucraniano.

Este é o interesse das grandes potências na crise ucraniana: ganhar vantagem competitiva sobre os seus concorrentes. O governo português não é excepção, pelo que repudiamos qualquer reforço militar português às forças da NATO.

PCP adopta a narrativa de Putin, encobrindo as suas aspirações expansionistas

O PCP assume que a Rússia “é um país capitalista”, denuncia e bem o nefasto papel da NATO, mas adopta a narrativa de Putin contra a Ucrânia, encobrindo as aspirações expansionistas da oligarquia russa. A não condenação, sem reservas, da invasão militar russa sobre a Ucrânia só se justifica por uma qualquer romantização senil do PCP face à Rússia.

Preso à sua velha teoria de que há imperialismos mais progressivos que outros, o PCP é incapaz de contribuir para a compreensão de que estamos perante uma disputa entre várias potências capitalistas, dispostas a sacrificar os seus povos em proveito do alargamento dos seus próprios benefícios.

Por uma Ucrânia soberana e em paz

O confronto de Putin com as potências ocidentais não pode justificar a invasão militar da Ucrânia, uma vez que tanto as potências ocidentais como Putin lutam pelos interesses económicos, políticos e militares das suas próprias elites. Putin é apenas um sócio minoritário no sistema capitalista mundial, disposto a conquistar uma posição mais elevada na escala de benefícios.

A chave da situação está na solidariedade e mobilização dos povos europeus contra as intenções das elites de nos conduzirem a uma nova guerra para restabelecer os seus próprios lucros.

A juventude e os trabalhadores do país e da Europa precisam de uma esquerda que se mobilize inequivocamente pela paz e pela soberania da Ucrânia!

Solidariedade com o povo ucraniano!

Nem tropas russas nem forças da NATO na Ucrânia!

Não à guerra!

Dissolução da NATO!

Pelo direito do povo ucraniano à sua auto-determinação!

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Não à agressão militar de Putin e Rússia à Ucrânia! Basta de bombardeios! Nem tropas russas nem forças da NATO na Ucrânia!

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