cgd_23ago18

Reestruturação da CGD abriu portas a ataque aos direitos de quem trabalha


No final do passado mês de Julho, a Administração da CGD denunciou o acordo de empresa que vigora no banco público. Daqui em diante serão desenvolvidas negociações para se alcançar um novo acordo entre a CGD e os sindicatos.

A Administração justifica a denúncia com a necessidade de “uniformizar alguns dos direitos” que os trabalhadores da Caixa ainda têm face aos direitos que são praticados nos outros bancos a operar em Portugal.

Este é mais um dos requisitos da reestruturação da CGD, que sob o aval de Bruxelas, foi aprovada pelo PS, BE e PCP.

Como recordatório, em inícios de 2017, o Governo PS, com o apoio de BE e PCP, injetou cerca de €4 mil milhões de capitais públicos na CGD. Esta reestruturação previu ainda a emissão de um empréstimo obrigacionista de mil milhões de euros, a muito longo prazo, a investidores privados, pelos quais pagará uma taxa de juro de 10,75%, abrindo a porta a que os credores privados assumam parte do capital da CGD. Em troca, foi previsto o despedimento de 2.200 trabalhadores bancários da CGD e o encerramento de 180 agências, até 2020.

 

O actual acordo coletivo da banca: destruir direitos, postos de trabalho e salário!

Em 2016, o Acordo Colectivo de Trabalho do Sector Bancário (ACT) que vigora para a maior parte da banca, foi alvo de uma denúncia que levou à destruição de todo um conjunto de direitos, privando os bancários das promoções por antiguidade, opção pelo sistema de diuturnidades, prémios de antiguidade, garantia de recolocação do trabalhador em caso de extinção do posto de trabalho, entre muitos outros direitos perdidos.

Para além dos direitos perdidos, os trabalhadores bancários têm sido aqueles que mais têm pago com a gestão danosa dos bancos. Desde a chegada da Troika, em 2011, já saíram da banca mais de 10 mil trabalhadores bancários e já encerraram cerca de 2.000 agências.

Como se não bastasse, o Governo PS permite que haja, hoje, bancos a atuar no mercado nacional sem que os seus trabalhadores estejam abrangidos pelos acordos coletivos do sector. É o caso do banco dos CTT ou do francês BNP Paribas, por exemplo.

Enquanto isso, as administrações passadas e presentes continuam impunes dos roubos e buracos financeiros, pelos quais são responsáveis, recaindo a fatura sobre os contribuintes e os trabalhadores bancários.

A gestão danosa das administrações dos bancos é paga com o meio de subsistência de milhares de bancários, o seu trabalho, e com os impostos de todos os contribuintes. Basta!

 

Governo PS, com o apoio de BE e PCP, destrói direitos, postos de trabalho e salários na CGD

A Administração da Caixa pretende agora nivelar, por baixo, os custos salariais dos trabalhadores da CGD aos praticados nos restantes bancos. Para isso precisa de eliminar as promoções por antiguidade, ajustar em baixa os aumentos salariais dos trabalhadores, pôr um fim às anuidades, aumentar a idade da reforma, etc.

Com um Governo que se diz de esquerda e que agita constantemente que a página da austeridade foi virada, o que deveria estar a ser feito era o nivelamento, por cima, de toda a restante banca aos direitos que já são reconhecidos na CGD.

BE e PCP suportam o Governo PS, aceitam as condições de Bruxelas, e depois vêm para os jornais dizer que discordam com os despedimentos, encerramento de balcões e perda de direitos. Não é sério.

O que é necessário é lutar pela manutenção e fortalecimento de uma banca pública, capaz de incrementar planos de desenvolvimento económico, de investimento na nossa economia, de redução do desemprego, de melhoria do emprego existente e de aumentos salariais. Para isso, a defesa de todos os direitos e postos de trabalho é fundamental.

BE e o PCP têm de passar dos jogos de palavras aos actos. Passar do “sorrir e acenar” para a concretização de um plano de defesa dos nossos empregos e salários. Para BE e PCP serem consequentes com a sua retórica, isso começa no imediato, por um lado, com a não aprovação de um próximo Orçamento do Estado que não preveja a manutenção de todos os direitos na CGD e, por outro, através do estabelecimento de um plano de lutas que permita obter vitórias.

Sem uma banca pública forte as condições para o desenvolvimento, defesa da soberania e independência do país saem cada vez mais debilitadas. Isto é tudo o que Bruxelas tem para nos oferecer e o que o actual Governo PS, apoiado por BE e PCP, vai consumando.

 

Bancários da CGD em luta pelos seus e pelos direitos de toda a banca!

O STEC (Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo CGD), sindicato ligado à CGTP, marcou uma greve para sexta-feira, dia 24 de Agosto.

O MAS apoia a greve e está totalmente solidário com os trabalhadores da CGD. Se, entre 2012 e 2016, durante as negociações do actual ACT bancário, os bancários não tiveram a oportunidade de decidir se queriam ou não lutar pelo seu ACT, hoje, os bancários da CGD, terão essa hipótese.

 

Prisão e confisco dos bens para quem roubou e endividou os bancos!

Defesa e manutenção da banca pública!

Defesa de todos os postos de trabalho!

Se o país cresceu, queremos os nossos direitos de volta!

Anterior

Toda a Solidariedade com a Greve de Estivadores!

Próximo

Greve call-centers: “não somos números, somos pessoas”!