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Vem participar no debate sobre Ambiente, no 2º Fórum Liberdade e Pensamento Crítico

As alterações climáticas são hoje debatidas por todo mundo. O último relatório do IPCC alerta para os riscos que corremos caso o aumento de temperatura ultrapasse os 1,5ºc. A partir daqui, tudo se torna imprevisível e, possivelmente, chegaremos a um ponto de não retorno climático. Os fenómenos metrológicos extremos serão cada vez mais regulares e colocarão em risco a civilização humana.

Se aqueles que poluem são, fundamentalmente, a China, EUA, e os principais países da UE, não são eles, para já, a sofrer com as consequências de um sistema de produção absolutamente predador da natureza. De acordo com o Centro de Monitorização de Deslocados Internos, no ano passado, 17 milhões de pessoas foram obrigadas a sair dos seus territórios devido a desastres naturais e à falta de água. Dos que são obrigados a fugir, a maioria são de regiões pobres (África subsariana, Ásia e América Latina), que em nada contribuíram para as alterações climáticas. Como as mulheres são as principais responsáveis pelo trabalho agrícola e têm a seu cargo as tarefas domésticas, são elas que são mais afetadas pelos fenómenos meteorológicos extremos causados pelas alterações climáticas.

Num mundo em que a água potável é cada vez mais escassa, são as mulheres que se sacrificam, fazendo quilómetros, para conseguir suprir as necessidades familiares. A escassez de água e de alimentos vai igualmente afetar as populações mais pobres e as mulheres são a maioria dos pobres. Nos próximos 30 anos, de acordo com vários estudos, há estimativas de que a migração causada pelas alterações climáticas possa andar entre os 140 a 200 milhões de pessoas. Estamos confrontados com a maior crise colocada à humanidade.

Não estamos assim por mero infortúnio. Nem pelos nossos comportamentos individuais. Há responsáveis para o estado a que chegamos. De acordo com a Oxfam, os 10% mais ricos produzem metade das emissões de combustíveis fósseis. Os maiores bancos mundiais injetam mais dinheiro no setor petrolífero do que em qualquer outro setor da economia. Os nossos adversários são poderosos. Mas a única forma de garantirmos a habitabilidade do nosso planeta é dar-lhes um combate sem tréguas.

A mudança é inadiável, não podemos esperar que sejam os governantes e as multinacionais a resolver um problema criado por eles, ao serviço dos seus interesses económicos. O lucro é a pedra angular de todo sistema de produção. Aqueles que têm enriquecido com os combustíveis fósseis não irão, de livre e espontânea vontade, descartá-los. Mesmo que o desastre se aproxime a uma velocidade vertiginosa. Por isso precisamos de nos mobilizar para forçar os governos de todo mundo a declararem estado de emergência climática e empreendermos uma descarbonização da economia, transitarmos para uma produção de energia totalmente limpa (solar e eólica) nas próximas décadas, gerando milhões de postos de trabalho.

Milhões por todo mundo acordam para este desafio e saem à rua, combatendo os capitalistas e Governos que teimam em empurrar a humanidade para o abismo. A juventude tem sido o dínamo destes protestos pelo clima. A vaga mundial de mobilizações tem exigido uma mudança do paradigma produtivo e apresenta enormes potencialidades. O facto de existirem organizações internacionais, como o #fridaysforfuture e o Extintion Rebellion, permitiu que as greves estudantis de Março e Maio se realizassem à escala planetária. Num sistema económico global, em que os capitalistas exploram a mão-de-obra e os recursos naturais em qualquer ponto do planeta, a resposta para o problema só pode ser à escala mundial.

Das duas greves estudantis passámos, no dia 27 de Setembro, para uma greve climática global. Alguns sindicatos juntaram-se a esta luta e, mesmo que de forma deficitária, uniram-se estudantes e trabalhadores para exigirem mudanças imediatas pelo clima. Esta aliança deve ser preservada e potenciada, devemos procurar alargar o movimento, democratizá-lo, criar estruturas locais e darmos passos em frente na coordenação internacional destas jornadas de luta. Devemos confluir a luta com os movimentos anti-racistas, feministas e LGBTQ+, pois só unindo os explorados e oprimidos, que são violentados e humilhados por este sistema, é que construiremos um mundo novo, sustentável e habitável, para todas e todos independentemente da sua nacionalidade, etnia, género e orientação sexual. Um mundo que não gire em torno do lucro.

No próximo dia 9 de Novembro, vem discutir estas e outras questões no 2º Fórum Liberdade e Pensamento Crítico, às 10h15, num debate com o mote “Ambiente e Consumo”, na Sala de Jovens, no Liceu Camões, em Lisboa.

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