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Israel: “modelo” global de vacinação anti-Covid?

Grande parte dos meios de comunicação fala do “grande sucesso” de Israel na luta contra a Covid, lembrando que já vacinou 30% da sua população, de nove milhões de habitantes, com a primeira dose, enquanto 8% já receberam a segunda. Isso efetivamente contrasta com as taxas de vacinação muito baixas na Europa e nos Estados Unidos, e quase zero nos países semicoloniais. Mas, do que Israel é um “exemplo”?

 

Primeiro, e como historicamente acontece com o estado racista de Israel, é um exemplo de discriminação. O plano de vacinação da Covid-19 abrange apenas cidadãos israelitas, incluindo os 600.000 colonos sionistas na Cisjordânia, mas exclui os quase cinco milhões de palestinianos que vivem na Cisjordânia e na Faixa de Gaza sob ocupação militar israelita.

Além disso, Israel manteve durante todo o ano de 2020, e ainda mantém, no meio de uma pandemia, o bloqueio da Faixa de Gaza, o que impede ainda mais o bom funcionamento do seu sistema de saúde, sujeito a meio século de ocupação e mais de uma década de bloqueio, uma vez que não pode atender às necessidades da sua população. A pandemia de Covid-19 e a falta de acesso justo às vacinas só exacerbaram a discriminação e a desigualdade sofrida pela população palestiniana.

Enquanto o pequeno território de Gaza permanece bloqueado, a Cisjordânia é ocupada militar e economicamente nas suas melhores terras. Eles apropriaram-se da água potável para os seus 600.000 colonos, privando os palestinianos do seu sustento. Por outras palavras, os territórios palestinianos que representam apenas um quinto da Palestina histórica (o restante pertence ao Estado de Israel) estão bloqueados ou ocupados e totalmente subjugados economicamente. A Autoridade Palestiniana é uma formalidade sem recursos ou soberania.

A pandemia tornou-se mais uma ferramenta para o sionismo destruir a sociedade palestiniana e continuar a expulsar a sua população para outros países árabes.


Israel, campo de testes da Pfizer e desastre social

O Estado de Israel, no meio de uma crise política, realizará eleições em março. O seu governante, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, está sendo fortemente questionado por corrupção. Ele tenta aparecer como o “salvador” de Israel contra a Covid-19.

O acordo com a Pfizer, além do altíssimo preço acordado de 38 dólares para cada dose (na Europa são 24 dólares), torna todo o país um campo de testes porque o Estado de Israel prometeu entregar imediatamente à Pfizer todos os historiais clínicos dos vacinados.

Logicamente, a farmacêutica, além de vender milhões de vacinas, tem interesse em ter no seu poder e usar para seu benefício económico todas as informações possíveis sobre os efeitos colaterais e a imunidade gerada pela sua vacina. As vacinas Pfizer e Moderna são as primeiras vacinas de RNA da história da humanidade, uma nova tecnologia que ainda não está suficientemente comprovada, que recebeu luz verde das autoridades dos EUA e da Europa após uma emergência sanitária. Portanto, não há dados claros sobre se ela pode prevenir a transmissão do vírus e proteger a longo prazo.

Como acontece em quase todos os países do mundo, as consequências económicas da pandemia no sistema capitalista são extremamente severas e aprofundam a desigualdade social entre os próprios cidadãos israelitas. Enquanto os setores económicos de alta tecnologia não só continuaram a funcionar plenamente, assim como prosperaram nesses meses, outros estão à beira do colapso. As famílias mais pobres são deixadas de fora do sistema educacional devido à má conexão à Internet e à falta de computadores. Há centenas de milhares de novos desempregados e também empregados que são obrigados a aumentar a sua carga de trabalho sem aumento de salário.

Em outras palavras, Israel, longe de ser um “exemplo” perante a pandemia, mostra e exacerba a natureza racista, genocida e profundamente exploradora do Estado sionista.


Artigo de Miguel Lamas, UIT

Tradução de Beatriz Martin Oñate

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