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Itália recusa entrada de refugiados que estão no mar: nova crise migratória nas vésperas do Conselho Europeu


O novo governo populista de direita com a participação da extrema-direita da Itália deu, nesta semana, sua primeira demonstração de como irá aplicar o prometido programa anti-imigração. No domingo (10), recusou a entrada de um barco de resgate com 629 refugiados em seu território, deixando-os no limbo entre os mares da Sicília (sul do país) e a ilha de Malta.

A embarcação se chama Aquarius, que pertence a uma fundação de caridade francesa – SOS Méditerranée – e é responsável pelo resgate de refugiados no trajeto Líbia-Itália. Nos últimos três anos, essa e outras fundações foram responsáveis pelo resgate de 640 mil pessoas que foram levadas ao território italiano.

Esta decisão foi ratificada tanto pelo primeiro ministro, Giuseppe Conti, quanto pelos líderes do populista Movimento 5 Estrelas (M5E), Luigi Di Maio, e da extrema-direita Liga, Matteo Salvini, demonstrando coesão do novo governo na política racista anti-refugiados. Por sorte, na segunda-feira (11), o novo governo social democrata da Espanha, liderado por Pedro Sanchez, aceitou a entrada da embarcação Aquarius em seu território, que chegou nesta terça-feira (12) em terras espanholas.

 

Crise migratória às vésperas do Conselho Europeu

Em resposta, o presidente francês Emmanuel Macron exigiu que o governo italiano reconsiderasse sua nova política migratória, afirmando que ela vai contra os pilares da União Europeia (UE). Em contrapartida, Conti criticou a hipocrisia do presidente francês, que durante seu governo reforçou o controle das fronteiras francesas com a Itália para não permitir a vinda de refugiados ao seu país.

As tensões com a França levaram ao cancelamento de uma reunião que ocorreria nesta quarta (13) entre o Ministro das Finanças Italiano, Giovanni Tria, com seu equivalente francês, Bruno Le Maire. Neste mesmo dia, o Ministro de Relações exteriores italiano convocou o embaixador francês em Roma para explicar o posicionamento de Macron, enquanto Salvini pessoalmente exigiu um pedido de desculpas por parte do governo francês.

Esta crise diplomática entre França e Itália sobre o tema dos refugiados coincidiu com uma crise dentro do governo alemão sobre o mesmo tema. Nesta terça-feira (12), a chanceler Ângela Merkel fracassou na negociação entre o seu partido, a CDU, e sua versão bávara, a CSU, no que tange à política migratória do país.

A CSU, de Horst Seehofer, demanda mais controle das fronteiras europeias e diminuição da cota de recebimento de refugiados, enquanto a CDU afirma que a proposta de Seehofer é radical demais e irá abalar a zona de livre circulação europeia, o espaço Schengen.

Ao perceber esta crise alemã, Matteo Salvini elogiou publicamente a posição de Seehofer e iniciou um plano de conversas com o alemão para elaborar um posicionamento comum para a UE sobre o tema de refugiados, que inclui uma visita do italiano a Berlim. Esta situação fez emergir uma nova situação de tensão entre os países da União (UE) sobre o tema da imigração, às vésperas da sensível reunião do Conselho Europeu, que ocorrerá nos dias 28 e 29 de junho.

 

Victor Amal, de Berlim, Alemanha – Esquerda Online

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