Celebrações da Tomada da Bastilha em França ocorreram sobre a ameaça de protestos nas ruas.

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Este ano, Emmanuel Macron não discursou aos franceses no dia 14 de julho, dia da Tomada da Bastilha.

A razão é simples, a França está em convulsão há semanas, com manifestações em todo o país contra a morte de Naël, um jovem de 17 anos morto pela polícia.

A morte de Naël ocorreu em 27 de junho, quando foi parado pela polícia em Nanterre, nos arredores de Paris. A polícia alega que Naël estava armado e que representou uma ameaça, mas não há provas que suportem essas alegações. Naël foi morto a tiro e seu corpo foi encontrado com as mãos atrás das costas.

Milhares de pessoas foram às ruas para exigir justiça para Naël e para denunciar a violência policial. Os manifestantes também criticaram o governo pela resposta à morte de Naël, que foi vista como lenta e insensível.

A morte de Naël também reacendeu o debate sobre a violência policial em França. A polícia francesa tem sido acusada de usar força excessiva em muitas ocasiões, e os manifestantes sustentam que Naël é apenas o mais recente exemplo de um jovem de ascedência magrebina que foi morto pela polícia sem motivo. Ainda em 2016, Adama Traoré, jovem negro de 24 anos, foi morto pela polícia quando estava sob custódia.

Além da morte de Naël, os franceses também protestam contra o aumento da idade da reforma. O governo francês anunciou recentemente que vai aumentar a idade da reforma de 62 para 64 anos.

Com 70% da população contra esta medida, a luta tem sido liderada pelos sindicatos tradicionais que falham, sobretudo, pela falta de democracia e uma excessiva proximidade ao Estado, mostrando-se incapazes de somar a bandeira da luta contra o aumento do custo de vida ao aumento da reforma.

A toda esta situação o governo responde com o reforço das medidas de segurança, em muitas cidades, recolher obrigatório e encerramento do metro mais cedo nas periferias, tendo colocado 130 mil efetivos nas ruas de Paris nos dias 13 e 14 de julho. O objetivo foi abafar qualquer possibilidade de manifestações nas ruas, reduzindo o que habitualmente é uma festa da população francesa na rua dos Campos Elísios.

Os trabalhadores franceses continuarão a dar o exemplo nas ruas, resistirão e mostrarão de que é preciso continuar a combater a violência policial e o aumento do custo de vida.

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