Editorial do Esquerda Online do dia 1 de outubro de 2018
Neste domingo, 07 de outubro, acontece a votação em primeiro turno, para Presidente da República, governos estaduais e os parlamentos. Este é um processo marcado principalmente pelo impedimento da candidatura do ex-presidente Lula, que lançou Haddad como seu candidato e representante na campanha; o fortalecimento da candidatura de Bolsonaro, representante de uma extrema-direita com posições neofascistas; e a crise de representação política dos principais partidos da velha direita, especialmente o PSDB.
Segundo todas as pesquisas – um dado que merece ser interpretado com cuidado e ressalvas – o cenário eleitoral caminha para um segundo turno entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT). Mas, falta uma semana, e surpresas ainda podem acontecer. Ainda mais em uma campanha eleitoral que já teve até um atentado recente, com a facada contra Bolsonaro, e começou com tiros contra a caravana de Lula.
Este quadro de forte polarização política tem aumentado e fatalmente será a marca desta última semana de campanha, e prosseguirá em uma eventual disputa num segundo turno. Afinal, em recente entrevista, Bolsonaro chega a afirmar que só aceita um resultado nesta eleição: o da sua vitória.
Diante da difícil e complexa realidade que vivemos no país, no domingo é ainda mais importante votar em Guilherme Boulos 50 para presidente, para fortalecer uma nova alternativa e a reorganização da esquerda em nosso país. Alguns motivos principais reforçam esta perspectiva:
1. As eleições presidenciais serão decididas no segundo turno
O fortalecimento eleitoral da candidatura de Bolsonaro, especialmente depois do atentado, fez crescer o sentimento a favor do chamado “voto útil” já no primeiro turno, para quem tivesse mais chances de derrotar o candidato da extrema-direita.
Somos parte deste amplo sentimento de derrotar Bolsonaro nas ruas e nas urnas. Sentimento que se fez sentir com muita força no sábado, 29, na manifestação do movimento “Mulheres Unidas contra Bolsonaro”.
Mas uma reflexão é necessária. As eleições fatalmente se definirão em dois turnos, e nenhum dos candidatos irá conseguir maioria absoluta na votação do próximo domingo. Será necessária uma nova disputa, entre as duas candidaturas mais bem votadas.
Tanto as pesquisas como, principalmente, o sentimento das ruas, demonstram que pelo menos uma das candidaturas de oposição ao governo Temer e ao golpe vai passar para o segundo turno.
Portanto, para os mais preocupados com esta perspectiva, votar Boulos 50 Presidente no dia 07 de outubro, por exemplo, não vai impedir um voto contra Bolsonaro num eventual segundo turno.
No primeiro turno, temos que votar na proposta que realmente acreditamos.
2. É decisivo ter uma nova alternativa, que seja 100% contra a velha direita e os golpistas
A candidatura de Guilherme Boulos e Sônia Guajajara foi lançada por uma frente política e social inédita em nosso país, formada por partidos de esquerda como o PSOL e o PCB e movimentos sociais combativos como o MTST, a APIB, Mídia Ninja, entre outros.
Nossa campanha sempre se pautou por um combate prioritário ao golpe e a sua agenda de ataques aos direitos sociais, desferida principalmente pelo governo ilegítimo de Temer e o Congresso.
O PSOL, como partido de esquerda, e o MTST, como movimento social, sempre se destacaram nas lutas contra o golpe parlamentar de 2016 e contra os ataques aos nossos direitos e às liberdades democráticas. Por isso, enfrentamos nas ruas e no Congresso as reformas reacionárias de Temer e as medidas de seu ajuste econômico perverso. E fomos contra a condenação sem provas a prisão política e o impedimento absurdo da candidatura de Lula.
A execução sumária de Marielle Franco, vereadora do PSOL no Rio de Janeiro, é a confirmação trágica de como este partido incomoda as máfias que tomaram conta deste Estado.
Votar no PSOL é ter a certeza de estar fortalecendo uma nova alternativa de esquerda, que combate frontalmente todos os ataques ao povo trabalhador, a juventude e ao conjunto dos explorados e oprimidos. Por isso, em nossa aliança não cabem grandes empresários, banqueiros, latifundiários e políticos da velha direita, que inclusive patrocinaram e apoiaram o golpe do impeachment.
3. O enfrentamento contra a extrema-direita vai continuar depois das eleições
Fortalecer uma nova alternativa de esquerda será fundamental para as nossas lutas, que devem acontecer num futuro bem próximo.
Mesmo que Bolsonaro seja derrotado nas urnas, uma tarefa prioritária de todos nós, a luta contra a extrema-direita neofascista vai seguir depois das eleições.
Seu palco principal será as ruas, as mobilizações em defesa dos nossos direitos, contra os chamados planos de austeridade, e em defesa das liberdades democráticas, dos direitos de mulheres, negros e negras e lgbts, contra o discurso ultra reacionário e conservador de Bolsonaro e seus aliados.
Para estas lutas, que inevitavelmente virão, quanto mais votos tiver, nestas eleições, uma alternativa realmente independente, sem alianças com a velha direita e os golpistas, mais fortes estaremos para enfrentar esse desafio, e apresentar nossa saída para o país.
4. Superar a conciliação de classes para mudar o Brasil de verdade
Em nossa campanha, nunca confundimos a necessária unidade para lutar contra o golpe e seus ataques, com apoio ao projeto político da direção do PT. Infelizmente, a direção deste partido não tirou as lições mais importantes do golpe parlamentar de 2016. O PT insiste numa política de alianças com partidos e políticos da velha direita, especialmente na região Nordeste. Em 15 estados, o partido de Haddad está aliado com partidos e políticos que apoiaram o golpe.
A política de governar com os de sempre, sem enfrentar os interesses fundamentais dos ricos e poderosos, foi a que levou Temer a ser vice de Dilma. Atrelar nosso futuro e a nossa estratégia a um projeto limitado como esse só nos levará a mais derrotas. E o que é pior, a novas decepções, que podem fortalecer ainda mais saídas reacionárias como as de Bolsonaro.
A campanha de Boulos e Sônia apostou em outro caminho. O de investir e construir um diálogo com os movimentos sociais, com mobilização nas ruas e nas redes, debatendo um programa. E no fortalecimento de um processo de reorganização da esquerda que vá muito além das eleições de outubro.
É preciso ousadia e coragem para mudar de verdade.
5. Votar 50 para fortalecer as nossas causas e sonhos
Por tudo dito acima, quando sairmos de nossas casas para votar no próximo domingo, o que devemos ter em mente é a necessidade de votar de acordo com a nossa consciência, de apostar no fortalecimento das causas que acreditamos e de mais uma vez afirmar o nosso sonho de transformar a dura realidade de nosso país.
Nossa campanha se destacou por apresentar propostas que atacasse os privilégios das grandes empresas e bancos, para enfrentar de forma concreta a terrível desigualdade social que assola a maioria do povo brasileiro.
Apresentamos propostas que avançam muito numa mudança significativa de nosso país, como: rever todas as medidas e reformas reacionárias do governo ilegítimo de Temer, impedir qualquer reforma da Previdência que retire direitos, realizar uma reforma tributária que sobretaxe as fortunas e os lucros exorbitantes das grandes empresas e bancos; uma auditoria na dívida pública para evitar que mais de 40% do Orçamento da União seja destinado anualmente para pagar juros aos banqueiros; o fim das privatizações e a garantia de uma Petrobrás 100% pública e estatal; reverter e impedir a privatização dos bancos públicos.
Todas essas medidas têm como objetivo gerar empregos, garantir serviços públicos de qualidade para a maioria da população, garantir moradia e segurança para todos e todas e enfrentar todo e qualquer tipo de opressão e preconceito. A favor de medidas como estas, entre tantas outras, que pedimos seu voto no próximo domingo. Vamos, sem medo de mudar o Brasil. Vote Boulos 50 Presidente.
Editorial do Esquerda Online do dia 1 de outubro de 2018