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30 de Março: Dia da Terra

Esta sexta-feira dia 29 de Março, foram mortos a tiro 17 palestinianos na Faixa de Gaza, ao manifestarem-se perto da fronteira com Israel.

Dia 30 de Março comemora-se anualmente o Dia da Terra, assinalando a data em que, em 1976, seis palestinianos com cidadania israelita foram assassinados por protestarem contra a expropriação de terra por parte do estado de Israel – uma expressão fundamental do colonialismo daquele estado, possivelmente o único ainda activo e em expansão em pleno século XXI.

Para este ano, foram montados acampamentos com parques infantis em pontos próximos da fronteira de Gaza com Israel. O objectivo é assinalar e protestar desta forma contra o roubo continuado de terras, reivindicando o direito a regressar às mesmas. O estado sionista tinha preparada a sua resposta à altura, duplicando as tropas ao longo da fronteira incluindo a colocação de mais de cem snipers. Assim que alguns manifestantes se aproximaram da cerca, um ou outro atirando pedras, a resposta foi dada com fogo real resultando na morte de quase duas dezenas.

A resposta da “comunidade internacional” foi o habitual silêncio ensurdecedor, ouvindo-se ainda assim a declaração patética do secretário-geral da ONU António Guterres que pede “às partes envolvidas” para se conterem por forma a evitar uma escalada de violência.

Por cá, o Museu Berardo em Lisboa, co-financiado em grande parte com dinheiros públicos, alberga uma exposição temporária em parceria com o Israel Museum. O último, funciona em Israel num edifício que foi construído em terrenos anteriormente pertencentes a famílias palestinianas confiscados pela ocupação, expondo entre outros elementos, manuscritos do Mar Morto roubados de Jerusalém Oriental em 1967. Não deixa de ser irónico que o nome da exposição em causa em Lisboa seja “No place like home”. Em resposta ao pedido do Comité de Solidariedade com a Palestina para que cancelasse a exposição, o director geral Pedro Bernardes responde que “a Fundação [Berardo] não toma posições sobre questões políticas por não se enquadrar nos fins para que foi criada”. Na cultura, nas artes, no desporto, na ciência não deve haver lugar para a cumplicidade com o racismo, o colonialismo e o genocídio continuado de populações ou sectores oprimidos! Se não somos indiferentes aos massacres como o desta sexta-feira, não permitamos o seu branqueamento aqui onde moramos!


André Almeida

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