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Tomar as ruas por Marielle Franco

Uma execução política. Com quatro tiros morreu Marielle Franco. Os mesmos algozes também mataram Anderson Pedro Gomes. Marielle morreu por sua luta, por ser negra, por ser mulher, por ser da favela, por ousar enfrentar o sistema que oprime e mata seu povo.

As circunstâncias exatas do crime e os mandantes da execução ainda estão por ser revelados. Mas o objetivo do assassinato é mais do que certo. As balas foram disparadas para fazer calar a voz de uma guerreira.

Marielle vinha denunciando nas últimas semanas, com extrema coragem, a intervenção militar no Rio de Janeiro e as ações de extermínio da polícia em comunidades da cidade. A “cria da Maré”, como ela se apresentava, morreu por afrontar a barbárie. Marielle representava – por seus ideais, sua raça e sua classe – tudo aquilo que o sistema não tolera.

É preciso, de imediato, exigir ampla e rigorosa investigação do assassinato. Os responsáveis pelo crime precisam ser descobertos e presos o mais rápido possível. Mas é preciso ir mais a fundo. Pois também puxaram o gatilho aqueles que decretaram a intervenção militar. Michel Temer, Luiz Fernando Pezão, Rodrigo Maia e o General Braga Neto têm as mãos sujas de sangue.

A execução da vereadora do PSOL foi um ato sangrento de uma “guerra” em curso contra o povo trabalhador e oprimido. Uma guerra que extermina direitos, empregos, que estrangula as liberdades democráticas e aprofunda o genocídio do povo negro e pobre.

Basta! Chegou a hora de não aceitar mais! Já nos tiraram tanto que nos tiraram o medo. Transformar o luto em luta, a dor em revolta. Unir os trabalhadores, negros, mulheres, LGBTs, sem-tetos, sem-terras e estudantes. Fortalecer a resistência contra o golpe e sacudir esse país.

Todas as organizações políticas de esquerda, movimentos sociais, sindicatos, coletivos de luta precisam cerrar fileiras neste momento crítico. Há um avanço perigoso da repressão e as mais básicas conquistas democráticas estão ameaçadas. Estamos perante um regime cada vez mais autoritário. Ontem, no mesmo dia da execução de Marielle, professores em greve foram espancados em São Paulo.

A morte de Marielle Franco e Anderson não serão em vão. Mataram Marielle, mas não conseguirão tombar sua luta. Hoje, em todo país, dezenas de milhares se levantarão. Se levantarão por Marielle, se levantarão por seus ideais, pelo seus sonhos. Seremos uma vasta multidão de “Marielles”, de norte a sul. E venceremos.

Às ruas!
Não passarão!
Vidas Negras Importam!
Marielle vive!

 

Editorial de 15 Março 2018 do MAIS/Esquerda Online

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