O Governo do Syriza em coligação com a ANEL (partido de direita) chegou a um acordo preliminar (mais um) de medidas orçamentais com mais austeridade.
Tanto as autoridades gregas como europeias e o FMI mostram-se satisfeitas com o acordo. O porta voz do governo grego, Dimitris Tzanakopoulos, diz que “Este é um acordo equilibrado e viável”. Pelo lado dos credores europeus, o comissário europeu dos Assuntos Económicos, Pierre Moscovici diz que houve “um desenvolvimento muito positivo após meses de complexas negociações.
A novela que se desenrola há pelo menos 6 meses tem por base concluir a segunda revisão do plano de “assistência”. Tsipras e o seu governo vão cedendo em nome duma eventual redução da dívida ou “renegociação da divida” que mais não é do que perpetuar o seu pagamento com alargamento de prazos. Mas a verdade é que a pretensa “renegociação da dívida” (dirigida pelos credores) não vai ao essencial, ou seja, não audita a dívida de forma a perceber quem a contraiu e para quê? E muito menos avança numa redução ou suspensão do seu pagamento de maneira a que a Grécia pudesse respirar e não continuar a encher os cofres aos bancos e credores (BCE e FMI) à custa da classe trabalhadora. Inclusive a pretensa “renegociação da dívida” não é garantida, tal como afirmam autoridades do governo grego e da U.E., agora vai apenas começar a discutir-se essa possibilidade. Ou seja, nem sequer os alargamentos dos prazos da dívida estão garantidos, apenas ficou acordado a discussão da “renegociação da dívida”. É caso para afirmar que o governo de Tsipras aceita mais uma vez intensificar a austeridade sobre o povo grego em troca de uma promessa cheia de nada.
Senão vejamos as medidas contidas no acordo assinado no dia 2 de maio entre o Governo do Syriza e os credores (BCE, U.E. e FMI) para os anos de 2018 a 2020:
– Redução das prestações sociais como subsidio de desemprego, abono de família, subsidio à pobreza, subsídio de aquecimento, e irá remover o crédito fiscal para despesas médicas!
– Redução das reformas/pensões (atinge mais 1 milhão de pensionistas)
– Aumento de impostos para quem recebe acima dos 490 euros e pensões mais baixas (calcula-se que trabalhadores mais pobres e pensionistas vão perder 1 salario/pensão por ano)
– Não restaurar os acordos coletivos de trabalho
– Reduzir trabalhadores na função pública
– Continuação das privatizações (p.ex liberalização do sector energético tendo como consequência colocar a Grécia mais dependente)
– Isenções fiscais para as empresas.
Na verdade, este acordo não passa da assinatura de um novo memorando (4º) com mais austeridade para o povo grego. Não é possível a nenhum governo europeu que esteja dentro da zona euro fugir à austeridade. E esta afirmação apenas é uma constatação da realidade. Olhemos para a Europa, qual o governo que virou a página da austeridade? Nenhum! Não existe!
A austeridade é a condição para se permanecer no euro em beneficio da burguesia dos países centrais da U.E., principalmente a Alemã. Desta maneira, o fim da austeridade só pode ser combatido, por um lado, apoiando-se e incentivando à mobilização dos povos e, por outro lado, com medidas corajosas como a saída do euro, acompanhada pelo cancelamento da dívida e nacionalização da banca. O caminho não pode ser o que o governo Syriza tem percorrido de concessões atrás de concessões à U.E em troca de uma mão cheia de austeridade. Tudo para que a Grécia permaneça na moeda única.
A Grécia é o exemplo do que não deve ser seguido. Sem um programa em rutura com capitalismo e por conseguinte com o euro e a U.E. o resultado está aí: humilhação e submissão de um povo.