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Crise dos refugiados na Europa é resultado da barbárie capitalista

A crise de imigração na Europa já tomou proporções de uma verdadeira tragédia humanitária a tal ponto de ser considerada a maior onda migratória desde a Segunda Guerra Mundial no continente.

A crise de imigração na Europa já tomou proporções de uma verdadeira tragédia humanitária. A tal ponto de ser considerada a maior onda migratória desde a Segunda Guerra Mundial no continente. Apenas este ano, mais de 300 mil refugiados de guerras e da miséria chegaram aos países europeus em busca de um fio de esperança a que possam agarrar as suas vidas.

Na travessia do Mediterrâneo, mais de três mil pessoas já perderam a vida este ano. As cenas de corpos chegando às praias da Grécia e Itália mostram de forma chocante o drama da situação. Não há como esquecer o camião frigorífico abandonado na Áustria com mais de 70 corpos de imigrantes sírios mortos por asfixia. Tampouco, podemos esquecer o pequeno Aylan encontrado morto após afogamento em uma praia da Turquia, nem os outro 188 mil resgatados pela guarda costeira e deportados.

O que vemos hoje não são imigrantes à procura de trabalho, de uma “vida melhor”, como ocorreu em outros momentos na história. São homens, mulheres e crianças – muitas crianças – que entregam a própria sorte a traficantes de pessoas que realizam a travessia até a Europa. Que se espremem nos navios “negreiros” da atualidade, em estações de comboio e atravessam longas distâncias para chegar às fronteiras, para fugir da morte.

O que vemos é um drama que revela até onde pode nos levar o capitalismo e a rapina imperialista sobre os povos do mundo. Tratam-se de refugiados, vítimas de guerras civis, do terrorismo, das perseguições e da miséria, cujos responsáveis são a própria União Europeia e os Estados Unidos.

Do total de refugiados, um terço (ou 122.800 pessoas) é formado por homens, mulheres e crianças fugindo da guerra civil na Síria e do horror protagonizado pelo Estado Islâmico. No caso dos refugiados africanos, a maioria vem de países como Senegal, Mali, Guiné e Gâmbia, fugindo de guerras civis e da miséria deixada como herança dos anos de colonização europeia.

Pouco se fala sobre os responsáveis por essa tragédia: o imperialismo europeu, norte americano e seus governos, que promovem guerras como a da Síria, Afeganistão e Iraque, criam grupos terroristas para massacrar as revoluções populares que não conseguem vencer, como o Estado Islâmico, e saquearam o continente africano e sua população o quanto puderam.

Enquanto Angela Merker, François Hollande, David Cameron e outros governantes europeus se reúnem em castelos para debater “soluções” para a crise, milhares morrem.

Mas, se as cenas de tristeza e tragédia nos comovem, a solidariedade dos trabalhadores e povos europeus também. Ver trabalhadores levarem alimentos aos refugiados nas estações, as marchas que têm levado milhares às ruas, contra seus próprios governos, como em Viena (Áustria) ou Dresden (Alemanha), os estádios de futebol com mensagens “refugees welcome” (bem-vindos refugiados), famílias europeias que estão oferecendo abrigo nas suas casas aos imigrantes, enchem-nos de esperança e mostram o caminho: o da solidariedade internacional entre os trabalhadores e os povos.

A solução não é construir mais muros e cercas para deixar de fora o problema que os governos europeus criaram. Não podemos aceitar as regras absurdas, como as quotas irrisórias para a entrada de imigrantes.

É preciso tratar a todos como refugiados, dando asilo, moradia – a partir de medidas como expropriações de prédios vazios para abrigar os imigrantes -, por fim à repressão nas fronteiras e suspender o pagamento das dívidas públicas, para garantir direitos básicos às famílias e acabar com esta catástrofe humanitária.

Acima de tudo temos de ter claro: esta barbárie que estamos a assistir é o sintoma deste sistema capitalista em decadência. O capitalismo mata. Portanto, morte ao capitalismo. Nosso horizonte é a luta por uma nova sociedade, uma sociedade socialista.

Não à xenofobia! Nenhum ser humano é ilegal! Toda solidariedade aos refugiados!

 

Toninho Ferreira, advogado das famílias do bairro Pinheirinho em São José dos Campos, Brasil e militante do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado

* Artigo original

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