No passado dia 26 de Agosto de 2014 os enfermeiros do Centro Hospitalar de Lisboa Central uniram-se em greve reinvindicando a admissão de mais profissionais desta área para os diversos serviços desta Instituição.
O Centro Hospitalar de Lisboa Central é constituído por 5 pólos hospitalares da cidade de Lisboa: S. José, Capuchos, Estefânia, Curry Cabral e Maternidade Alfredo da Costa. Nestes hospitais, muitos dos serviços encontram-se a funcionar com o número mínimo de profissionais de enfermagem, e até mesmo abaixo da sua dotação mínima considerada segura para a prestação de cuidados de enfermagem aos utentes.
Perante esta situação, deparamo-nos com enfermeiros em situação de exaustão física e emocional, em que os horários de trabalho semanais são sistematicamente prolongados para além das 40h, em turnos de 8h que se transformam em 16h, em que as folgas semanais são abolidas em prol de “mais um ou outro turno extraordinário”, e em que o número de enfermeiros por turno é cada vez menor… para mais doentes e mais cuidados a prestar, para mais burocracias a resolver, para mais papéis a preencher!
Os enfermeiros não têm tempo para conseguir prestar os cuidados da melhor forma, da forma que desejariam. São obrigados a (literalmente!) correr de doente em doente, tentando o seu melhor com cada vez menos recursos. Por outro lado, sem tempo para descansar convenientemente, para estar com os seus familiares, para viverem a sua vida para além do trabalho, a exaustão física e emocional é uma realidade sempre presente. E a segurança dos cuidados aos utentes está em causa. A profissão de enfermagem está dotada de uma grande responsabilidade técnica e científica, em que os erros podem ter consequências gravíssimas para os doentes. Um profissional exausto tem maior probabilidade de errar! A profissão de enfermagem tem um papel importantíssimo no apoio, seguimento, aconselhamento e ensino aos doentes e familiares, nas mais diversas situações. Esta função tão importante é muitas vezes posta de lado por falta de tempo para a executar, em detrimento de outro tipo de cuidados que são necessários aos doentes.
Desta forma, para que os cuidados de enfermagem prestados nesta instituição não fiquem “por metade”, para que os profissionais possam executar as suas funções com qualidade, para a segurança dos utentes e para a melhoria das condições de trabalho, esta classe profissional uniu-se na greve que decorreu no passado dia 26 de Agosto e que concentrou em manifestação no Hospital de São José os enfermeiros em defesa dos seus direitos.
Ana Fernandes