Lista da CSP Conlutas vence eleições no Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Brasil

Uma explosão de alegria marcou o final das eleições para a direção do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (São Paulo) na manhã do dia 2 de março. Mesmo após uma noite não dormida, os ativistas e apoiantes da Chapa 1, da CSP-Conlutas – Central Sindical e Popular (http://cspconlutas.org.br/), deram um show de animação. “A chapa 1/ É do peão/ Aqui não entra nem governo nem patrão”, foi uma das palavras de ordem entoadas. O sindicato é filiado à CSP-Conlutas desde 2004, uma central independente dos governos do PT.

A apuração dos votos, que estava marcada para iniciar à meia-noite, só começou por volta das 6 da manhã. A chapa 2, ligada à CTB (uma central que apoia os governos do PT), prevendo a derrota, tentou colocar todo tipo de empecilho para impedir a contagem dos votos. E não erraram. No final da apuração, a chapa 1 obteve 6.551 votos, ou 57,68%, contra os 4.806, ou 42,32%, da chapa 2. Foram no total 11.638 votos válidos, um quórum histórico para as eleições do sindicato.

“Os metalúrgicos estão de parabéns, eles deram mostra que querem um sindicato de luta, que organize a base dos trabalhadores, a partir de agora não existe mais chapa 1 ou chapa 2, mas sim os metalúrgicos unidos, contra os ataques dos patrões”, afirmou António Ferreira de Barros, o Macapá, atual diretor do sindicato e trabalhador da General Motors, agora o novo presidente eleito do sindicato.

Ataques e solidariedade ativa

A campanha dessas eleições foi marcada por uma forte ofensiva das empresas, articulada com a prefeitura local e a imprensa, contra a atual direção do sindicato. Nomeadamente na General Motors, uma das principais bases da categoria. A empresa realizou uma verdadeira campanha terrorista, assim como demissões a ‘conta-gotas’, a fim de minar o apoio da chapa 1. Chegou-se a ameaçar o fechamento de setores inteiros da planta caso a atual direção permanecesse à frente do sindicato. Nesta empresa, a chapa 2 chegou a angariar 60% dos votos.

Tal estratégia, porém, não surtiu efeito e, no total, os metalúrgicos disseram ‘não’ à campanha terrorista. Em todas as outras empresas a chapa 1 obteve larga vantagem. Mas não foi fácil. Para enfrentar a campanha patronal, ativistas e apoiantes de várias partes do país foram prestar a sua solidariedade ativa durante a campanha eleitoral, o que serviu para reverter a ofensiva dos patrões. Foram centenas de estudantes, ativistas, trabalhadores e inclusive metalúrgicos que apoiaram a sua classe.

É o caso de António Carlos, o ‘Boi’, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Itaúnas e da Federação Democrática dos Metalúrgicos de Minas Gerais. Embora o cansaço transparecesse em seu rosto, Boi estava feliz com o resultado. “Essa campanha foi muito importante, a gente sabe da necessidade de se ter um sindicato de luta em defesa dos trabalhadores. Lá em Minas vemos o que acontece na Fiat de Betim, que a CTB dirige, e tem banco de horas, um piso salarial muito baixo… por isso estamos aqui”, explicou.

Assim como em São José dos Campos, Boi vê essa mesma ofensiva envolvendo patrões e governo em Itaúnas. “Lá acontece o mesmo que aqui, a prefeitura já chegou a colocar matéria paga no jornal para dizer que as empresas não se instalam lá por conta do sindicato”, denuncia, reforçando a importância da solidariedade de classe.

Ao final da manhã desse dia, embora exaustos, os metalúrgicos estavam felizes por mais essa vitória, e certos que muitos desafios ainda virão. “O desafio agora é reforçar nossa organização de base, para que possamos lutar por nossos direitos”, disse o novo presidente do sindicato.

Diego Cruz, site do PSTU

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