Trabalhadores gregos apelam à unidade da luta

Milhares de trabalhadores gregos, reunidos numa manifestação convocada pela Frente Militante de todos os Trabalhadores – PAME, durante a greve geral de 29 de Junho, aprovaram um apelo dirigido à classe trabalhadora, sindicatos e sindicalistas da Europa. Nesse apelo, eles manifestam-se solidários com a luta de todos os trabalhadores europeus contra os planos de austeridade aplicados pelos respectivos governos e apontam para a necessidade da coordenação dos esforços para que esta luta se torne mais forte. Reproduzimos este apelo:

APELO

Dirigimo-nos a:

Classe Trabalhadora dos países europeus
Todos os sindicatos militantes da Europa
Todos os sindicalistas europeus combativos

Estimados companheiros,

Enviamos-vos o apelo-resolução que hoje, 29 de Junho, os trabalhadores de Atenas aprovaram durante a grande manifestação que o PAME realizou, por ocasião da greve geral, frente ao parlamento grego.

Nós, os milhares e milhares de manifestantes atenienses, declaramos uma vez mais que estamos totalmente contra as bárbaras medidas antilaborais que o governo social-democrata está a tomar. Essas medidas estão a aniquilar os nossos direitos e conquistas de muitos anos e a favorecer o grande capital monopolista.

Continuamos com firmeza a lutar pela nossa classe, apoiando os objectivos do movimento sindical classista do nosso país, representado pela Frente Militante de todos os Trabalhadores – PAME. Uma frente que aglutina milhares de trabalhadores através de centenas de pequenas e grandes organizações sindicais.

Nesta altura, os trabalhadores de vários países europeus estão a lutar contra as políticas dos seus respectivos governos. Expressamos o nosso apoio e solidariedade. De todas estas lutas, pequenas e grandes, podemos tirar algumas conclusões:

A classe trabalhadora em todos os países europeus está confrontada com uma estratégia única, bem elaborada, por parte do capital monopolista. Uma estratégia que tem como objectivo não só descarregar todas as consequências da crise económica sobre as costas da classe trabalhadora, mas também garantir sobretudo a rentabilidade do capital a longo prazo, com a eliminação dos direitos laborais e o aumento do grau de exploração. Somos testemunhas da mais selvagem agressão, coordenada a nível europeu, que cada país capitalista, a fim de garantir a sua parte de leão, está ferozmente a levar a cabo. Uma competição que trará novas calamidades para todos os povos.

Os governos, sejam neoliberais ou social-democratas, estão implementando cruelmente as mesmas medidas. Estão a representar os mesmos interesses.

Direitos e conquistas fundamentais, alcançados através de lutas duras, com sangue e sacrifícios, estão a ser retirados a pretexto da “saída da crise”, uma crise gerada pela anarquia capitalista e a super-acumulação de lucros. Uma crise profunda, que demonstra os limites históricos do capitalismo, um sistema que está a apodrecer e a gerar o desemprego massivo, a pobreza, a guerra, a repressão.

Está comprovado que a UE é uma União de Capitalistas. Uma União que, juntando o FMI, os EE.UU. e os governos, constitui uma coligação para o saque dos povos, a favor do capital.

A CES, por seu lado, está constantemente a demonstrar que não é uma organização sindical, mas sim uma superestrutura burocrata, que de facto apoia as estratégias da UE. A responsabilidade destas forças é imensa, porque foram elas que desarmaram o movimento sindical adoptando a política de reconciliação com o capital, a política da colaboração entre classes, a submissão.

Estimados companheiros,

Face a esta situação, a necessidade de hoje coordenarmos, a nível europeu, todos os sindicatos militantes e todos os trabalhadores europeus é uma PRIORIDADE fundamental.

Hoje, mais do que ontem, necessitamos de:

Internacionalismo e Solidariedade entre os Trabalhadores
Coordenação Sindical Militante
Lutas classistas comuns, com objectivos comuns

Em todos os países da UE, em toda a Europa, os golpes no Sistema de Segurança Social, as relações laborais, a Saúde Pública, a Educação, as privatizações em todos os sectores, o desemprego massivo, o corte nos salários e pensões, não são medidas temporais, mas permanentes. Através destes golpes, o capital tenta fortalecer o seu próprio sistema, condenando vastos sectores de trabalhadores ao desemprego e à indigência. As mulheres e os jovens vão pagar caro.

Trabalhadores da Europa,

Não podemos esperar mais! Temos de coordenar os nossos esforços!

Nós, os Gregos, trabalhadores, desempregados, imigrantes, mulheres, jovens, reformados, expressamos a nossa solidariedade para com os trabalhadores de Espanha, Portugal, Dinamarca, Itália, Roménia, França, os trabalhadores de todos os países, que protestam nas ruas.

Expressamos o nosso internacionalismo a todos os trabalhadores europeus, que superando as direcções sindicais conformistas e burocratas, abrem caminho a novos sindicatos, militantes e honestos, que têm de organizar o nosso contra-ataque.

O objectivo destas lutas deve ser a recusa das medidas antilaborais, para que não se implementem essas políticas.

Devemos exigir medidas que satisfaçam as necessidades actuais das populações.

Devemos ajudar a classe trabalhadora na Europa a compreender que o nosso futuro não é o capitalismo.

Lutamos para pôr fim à exploração do homem pelo homem.

O PAME continuará os seus esforços com vista à coordenação de todas as forças, para lutarmos em comum. Propomos um Encontro em Atenas ou noutro país europeu, a realizar proximamente.

Atenas, 29 de Junho de 2010
Praça da Constituição

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