- Desde o dia 25 de fevereiro, está em curso a invasão do imperialismo russo na Ucrânia. Até ao momento de aprovar esta resolução, continuavam os combates em torno de Kiev, capital da Ucrânia, e outras cidades do país. Vladimir Putin convocou os militares ucranianos a darem um golpe, mas, até ao momento, teve uma resposta negativa. Haveria uma resistência das Forças Armadas da Ucrânia maior do que o previsto. Também, há setores da população que teriam pegado em armas para enfrentar os invasores. Ainda assim, a superioridade militar da Rússia torna factível que possam tomar o controlo de Kiev e da Ucrânia. No entanto, até agora esses objetivos não se cumpriram e a resistência continua, apesar dos criminosos bombardeios com mísseis que atingem a população civil de Kiev.
- Nós, da UIT-QI, ratificamos nossa política de repúdio à invasão e expressamos que estamos do lado do povo ucraniano contra o agressor imperialista. Como socialistas internacionalistas, não somos neutros em momentos de combate. Apoiamos a resistência do povo ucraniano para derrotar militarmente o invasor. Fazemos isso sem dar nenhum apoio político ao governo capitalista de Volodymyr Zelensky e sem confiar na sua condução política-militar. Apoiamos o armamento da população da classe trabalhadora, do povo ucraniano e de suas organizações territoriais.
- Por enquanto, não há na Ucrânia uma guerra interimperialista. Não existe, até o momento, uma intervenção da NATO nem de forças militares dos Estados Unidos. Pelo contrário, Biden e a NATO têm reiterado que não pensam em intervir militarmente. Apenas focam em impor sanções económicas contra a Rússia. Inclusive, o próprio presidente Zelensky denunciou que “nos deixaram sozinhos”. Isso mostra que, na prática, deixaram a invasão acontecer e aparecem como cúmplices da ação criminosa de Putin. Macron, presidente da França, e o governo dos EUA até ofereceram “ajuda” para as forças ucranianas abandonarem o país, praticamente um chamado à rendição.
- Por essa razão, discordamos das posições de amplos setores da esquerda mundial, assim como de setores da esquerda anticapitalista, que se negam a pronunciar-se contra a invasão de Putin ou se declaram neutras. Setores da esquerda reformista, junto a países de falso anti-imperialismo e socialismo, como China, Cuba, Nicarágua ou Venezuela, apoiam a invasão russa e Putin como se fosse uma “vítima” e um lutador “anti-imperialista” por enfrentar os EUA. Esses argumentos são falsos. Putin encabeça um regime capitalista-imperialista na Rússia, respaldado pela repressão e por uma máfia de oligarcas do petróleo e do gás. A sua disputa com o imperialismo norte-americano e europeu é simplesmente pelo controlo político e económico da Ucrânia. Disputa que também denunciamos.
- O nosso apelo à solidariedade com o povo ucraniano não tem nada a ver com a “oposição” à invasão que fazem os Biden, Macron ou Boris Johnson. Eles procuram espaço para os seus projetos imperialistas de dominação da Ucrânia. Por isso, nós, da UIT-QI, reafirmamos o rechaço a toda ingerência imperialista na Ucrânia, seja do imperialismo russo ou dos imperialismos norte-americano, europeu e da NATO.
- Estamos pela livre autodeterminação do povo da Ucrânia, assim como defenderam e levaram a cabo Lenin e Trotsky, logo após a Revolução Socialista de 1917. A Ucrânia só será verdadeiramente independente sob um governo da classe trabalhadora e dos setores populares e numa Ucrânia Socialista.
- Nós, da UIT-QI, seguimos convocando os povos do mundo a repudiar a invasão e apoiar a resistência do povo da Ucrânia. Nas principais capitais do mundo, milhares já saíram às ruas para repudiar a invasão de Putin e da Rússia. Manifestantes ocuparam as praças e as portas das embaixadas russas. O mais destacado são as mobilizações em Moscovo e São Petersburgo, na Rússia, com milhares de detidos pela polícia. 664 cientistas russos protestaram “contra os atos de guerra da Rússia” e exigiram o fim da invasão. São liderados por membros da Academia de Ciências da Rússia e por Konstantin Novoselov, prémio Nobel da Física em 2010. Houve marchas massivas na Geórgia. Somaram-se atos e mobilizações em Barcelona, Madrid, Paris, Londres, Lisboa, Roma, Budapeste, Berlim, Istambul, Nova Iorque, Cidade do México, Buenos Aires, Santiago do Chile, cidades do Brasil e restante da América Latina.
- É preciso seguir por esse caminho de solidariedade internacional com o povo ucraniano. Dizemos não à invasão e não aos bombardeios.
Fora as tropas russas!
Que todos os governos rompam relações com a Rússia!
Pelo triunfo da resistência do povo ucraniano!
Fora toda a ingerência imperialista na Ucrânia, seja da Rússia ou da NATO, dos Estados Unidos e da União Europeia!
Comité Executivo Internacional (CEI) da Unidade Internacional de Trabalhadoras e Trabalhadores – Quarta Internacional (UIT-QI)
27 de fevereiro de 2022