Entrevista com Paulo Sérgio: A luta contra despedimentos dos trabalhadores da TAP no Brasil

A unidade de manutenção da TAP (TAP ME), no Brasil, tem sido palco de despedimentos, ao longo dos últimos meses. Os trabalhadores têm respondido com luta, como é o exemplo da greve de fome, realizada no passado dia 29 de julho, em Porto Alegre.

A TAP é das maiores e mais conhecidas empresas portuguesas, a nível internacional, tendo o Estado português como maior acionista. Dado que a privatização avança na TAP ME, no Brasil, têm saído noticias da possibilidade de avançar também em Portugal[1].

O Movimento Alternativa Socialista (MAS) decidiu, entrar em contacto com os companheiros em luta, no Brasil, e fizemos uma pequena entrevista a Paulo Sérgio (PS), da oposição aeroviária de Porto Alegre. O MAS está solidário com os trabalhadores aeroportuários brasileiros!

 

MAS: O que levou ao inicio da greve de fome e da luta dos trabalhadores da TAP no Brasil? Quais são as reivindicações da luta?

PS: A greve de fome começou após a Presidente da empresa, Gláucia Loureiro, suspender todos os trabalhadores que participaram no protesto no aeroporto Salgado Filho contra as 700 demissões na TAP e o possível encerramento da unidade no Brasil. As reivindicações são o retorno dos trabalhadores ao trabalho e o fim das demissões.

 MAS: Existe alguma perspetiva de privatização da TAP ME no Brasil?

PS: Sim, a unidade do Brasil está à venda. Do total de mais de 2.000 trabalhadores, restam menos de 500, entre Porto Alegre e Rio de Janeiro. Praticamente, estão a fechar as portas.

 MAS: Em Portugal, o Estado português é o acionista maioritário da TAP. Já se falou da possível privatização de 50% da TAP ME, em Portugal. Dado este contexto, os companheiros em luta têm alguma perspetiva de contactar com trabalhadores da TAP, em Portugal, de forma a unificar as lutas?

 PS: Sim, já procuramos contacto com os companheiros do SITAVA, e com partidos de esquerda. Porém, ainda não recebemos retorno para que possamos unificar a luta. Mas a nossa intenção é essa mesma. Só com a unidade da classe e apoio internacional é possível fortalecer a luta.

 MAS: O Governo brasileiro deu algum apoio ou injetou dinheiro na TAP ME? Quais as contrapartidas dadas pela TAP ao Governo brasileiro?

 PS: Na realidade, a TAP factura com as 85 ligações semanais entre Portugal e Brasil, 900 milhões de euros, anuais. A TAP recebeu recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Economico e Social (BNDES), no momento da compra da Varig Engenharia e Manutenção (VEM), e hoje atende aeronaves da Força Aérea Brasileira e com isso pode parcelar e receber descontos em dividas fiscais com o governo brasileiro.

 MAS: Quais os próximos passos na luta?

 PS: A justiça brasileira publicou uma notificação para que sejamos reintegrados ao local de trabalho. Queremos este cumprimento. Depois, tentar manter os já poucos postos de trabalho que sobraram em Porto Alegre e Rio de Janeiro.

Fazemos um chamado contra a privatização da TAP, por que já estamos sentindo o reflexo, aqui no Brasil, onde centenas de trabalhadores foram demitidos e a maior parque da manutenção da América latina a caminho de fechar caso não exista uma luta forte!

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