As ruas de várias cidades do país estão a ser tomadas por manifestações contra o aumento das tarifas do transporte público. A vitória conquistada em Porto Alegre, Natal e Goiânia, onde protestos conseguiram barrar o aumento, parece ter dado fôlego às manifestações em São Paulo, Rio de Janeiro e muitas outras cidades país afora.
Em São Paulo, a Polícia Militar (PM) reprimiu de forma gratuita e violenta a manifestação pacífica havida ontem, dia 13. Foi o quarto grande ato contra o reajuste das tarifas na capital [passou de 3 reais, equivalente a quase 1 euro, para 3,20], após três manifestações também reprimidas. A repressão ocorreu após declarações do governador Geraldo Alckmin (PSDB), apoiado pelo prefeito Fernando Haddad (PT), pedindo medidas mais “duras” contra os protestos.
Desde o início da concentração, em frente ao Teatro Municipal de São Paulo, o clima era de muita tensão devido ao enorme contingente policial deslocado para o centro da cidade, completamente sitiado. Malas eram revistadas e materiais políticos, como faixas, cartazes e panfletos, apreendidos de forma arbitrária. Era visível a quantidade de “P2” (policiais disfarçados) entre os manifestantes.
Mesmo assim, a disposição e o bom-humor dos ativistas, em grande parte jovens, distendeu a tensão provocada pela polícia com palavras de ordem como “Vai Haddad, dança até o chão/ aqui é o povo unido contra o aumento do busão”. Muitos manifestantes distribuíam flores para as mulheres que por ali passavam e à própria polícia.
O protesto reuniu algo como 10 mil pessoas, que saíram em marcha pelo “calçadão” em direção à Praça Roosevelt. “Mãos para o alto, 3,20 é um assalto” foi outra palavra de ordem cantada pelos manifestantes. No caminho, era comum demonstrações de apoio por parte da população e até mesmo de motoristas parados no trânsito.
Havia um esforço em impedir qualquer situação que pudesse justificar alguma repressão por parte da polícia. No entanto, ficou claro que a disposição da PM era a de reprimir e dispersar o ato de qualquer forma. Quando a manifestação chegou à Praça Roosevelt, a polícia começou a reprimir de forma violenta e generalizada, sem qualquer pretexto.
Os manifestantes responderam pedindo “sem violência, sem violência”, mas a polícia partiu para cima dos manifestantes, com disparos de bala de borracha, gás de pimenta e bombas de gás lacrimogéneo. Nem a imprensa escapou. Mesmo identificando-se, jornalistas eram também atacados com bombas de gás e disparos de bala de borracha. Sete repórteres do jornal Folha de São Paulo ficaram feridos, entre os quais uma jornalista que teve o olho atingido por uma bala de borracha. Um jornalista da revista Carta Capital havia sido detido horas antes por carregar uma garrafa de vinagre [o vinagre reduz os efeitos do gás lacrimogéneo]
Depois que a tropa de choque encurralou os manifestantes, o protesto fragmentou-se em pequenos grupos, igualmente perseguidos e reprimidos pela polícia. Uma grande parte subiu pela rua Augusta em direção à Avenida Paulista. Outro setor seguiu pelas ruas do centro em direção à Praça da Sé. A repressão generalizada durou pelo menos cinco horas, aterrorizando a população que passava pela região.
Quando fechávamos esse artigo, havia 149 pessoas presas e a PM negava-se a dar maiores informações sobre a situação dos detidos.
Redação do PSTU (Leia mais em http://www.pstu.org.br/)
Mais uma covarde repressão do PSDB/PT
O PSTU exige o fim imediato de toda repressão e liberdade para os presos políticos
Uma nova e covarde repressão marcou a manifestação pacífica contra o aumento das tarifas dos transportes públicos em São Paulo. Muitos manifestantes chegaram a distribuir flores. No entanto, mais uma vez o governo de Geraldo Alckmin (PSDB) acionou a tropa de choque da PM para reprimir violentamente o protesto.
Quase 150 pessoas foram presas, inclusive jornalistas. Dezenas ficaram feridas. Entre elas, sete jornalistas da Folha de São Paulo. O que mostra a violência indiscriminada contra todos que estavam nas ruas. O governo “tucano” avisou que o protesto seria tratado como “caso de polícia”. Cumpriu a promessa. A covarde repressão aos protestos gerou, inclusive, grande repercussão internacional.
Protestos contra a tarifa tomaram o país, nesta quinta-feira, 13 de junho. No Rio de Janeiro, a manifestação também foi reprimida pela polícia de Sérgio Cabral (PMDB) [governador]. Pelo menos 17 pessoas foram detidas. Em Porto Alegre [capital do estado do Rio Grande do Sul], uma grande manifestação foi realizada. Houve repressão e 18 pessoas foram presas. Lá o movimento conquistou uma vitória parcial. O Tribunal de Contas do Estado emitiu uma medida cautelar determinando que se mantenha o valor da tarifa de transporte público urbano em R$ 2,85.
Vergonha do PT
A repressão covarde de Alckmin não é algo que surpreende. Afinal, o tucano foi o responsável pelo massacre do Pinheirinho, em São José dos Campos (São Paulo), jogando a mesma tropa de choque contra a população pobre para defender o mega especulador Naji Nahas.
O que realmente surpreende é a postura do governo Dilma e da prefeitura [presidência da câmara] de Fernando Haddad (PT). O ministro da Justiça do governo Dilma, José Eduardo Cardoso, chegou a oferecer “ajuda federal” ao governo do PSDB para reprimir as manifestações. “O governo federal está à disposição para aquilo que for necessário”, disse.
Já Haddad disse que não vai baixar a tarifa. Disse que São Paulo “não aceita é a violência. De qualquer parte”. A declaração do petista é um verdadeiro absurdo diante da brutalidade da PM. Na prática, Haddad dá sinal verde para a repressão. Por isso, tem responsabilidade pelas dezenas de pessoas feridas e presas durante os protestos.
A verdade é que PT e PSDB têm suas campanhas financiadas pela máfia das empresas privadas que controla o transporte coletivo. É a serviço dessa máfia que está todo o aparato de repressão tucano/petista.
O governador do PSDB e o prefeito do PT mantêm dezenas de presos políticos. Alguns deles estão encarcerados em vários presídios do estado. Eles irão responder por crimes como formação de quadrilha.
Libertação dos presos políticos! Organizar uma plenária para dar continuidade à luta!
O PSTU exige o fim imediato de toda repressão contra as manifestações. Também exigimos a liberdade imediata de todos os presos políticos! É um absurdo que PSDB/PT criminalizem os manifestantes por exercerem o direito de lutar por um transporte público de boa qualidade, com preço socialmente justo.
Apesar da dura repressão, o movimento vai seguir na luta. Neste sentido, o PSTU também chama a realização de uma Plenária Sindical Popular Estudantil no próximo final de semana para organizar os próximos passos da luta contra o aumento da tarifa em São Paulo. Precisamos organizar todos os setores do movimento sindical, popular e estudantil para derrotar a intransigência do governo do PSDB e da prefeitura do PT.
José Maria de Almeida, Presidente Nacional do PSTU