No dia 27 de fevereiro, foi fechada a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, por iniciativa dos alunos, uma vez que foi aprovado pelo Conselho Pedagógico, contra a vontade dos estudantes, um novo regulamento de avaliação que os mesmos já se tinham oposto por diversas vezes, para além de terem tentado conversar com os professores acerca de tal oposição, sendo tais conversas em vão, uma vez que os docentes decidiram ir contra a vontade dos alunos.
Ora tal iniciativa justa (a paralisação da faculdade) uma vez mais demonstra a insatisfação dos alunos, contra uma classe docente que não respeita a solução e não está disposta a dialogar de forma civilizada e de forma igualitária, estando em vez disso a tentar impor a sua vontade a alunos universitários, como se de crianças se tratassem, usando o seu poder institucional para tal, sendo por isso a iniciativa estudantil muito promissora e que deveria ter sido expendida a outras reivindicações que afetam também a vida estudantil daqueles alunos como é o caso da decisão de descongelamento de propinas (o que vai implicar novos aumentos) que pode impedir muitos alunos de frequentarem o ensino superior, aumentando ainda mais as desigualdades sociais que se fazem sentir no nosso país na atualidade.
Apesar de positiva, a iniciativa de fecho da faculdade, ficou relativamente aquém do que poderia ter alcançado, não só por apenas se ter fechado uma faculdade e durante poucas horas, permitindo assim que as pessoas tivessem aulas na mesma na parte da tarde. Na verdade não se tratou de facto de um fecho total da faculdade propriamente dito, uma vez que na realidade os alunos, professores e outros discentes puderam entrar por todas as outras entradas que não a principal e a detrás, por isso uma iniciativa que pretendia ser de um fecho da faculdade como foi o de 2017 e o de 2014 acabou por ser mais limitada resumindo-se a uma importante demonstração (mas insuficiente) para a comunicação social, muito porque ao contrário dos outros anos, os estudantes acabaram com o protesto por vontade própria, mas muito influenciados pelas limitações da própria associação de estudantes que sugerira, que eventualmente poderiam ser tirados pela polícia do local. Portanto era preciso estar estarmos dispostos a ir mais longe pela luta estudantil.
É de apontar também que algumas das pessoas que foram entrevistadas na altura nem eram da faculdade mas aproveitaram o momento para se mostrarem politicamente fazendo uma política bacoca de oportunismo, para beneficiar não os estudantes em si, mas sim eles mesmos, dentro das suas juventudes partidárias ou partidos sendo que também foram entrevistados pessoas da própria associação que chegaram tarde ao protesto mas não perderam a oportunidade de falar para as câmaras e para a comunicação social.
Concluindo, é de louvar a iniciativa de fechar uma faculdade, porém é de pesar que a mesma se tenha baseado apenas numa questão importante, mas não com maior profundidade para todos os estudantes ao redor do país. É de pesar também o facto de a mesma ter sido mal-executada e de ter parecido mais um jogo de aparências politicas e de quem consegue mais tempo de antena (apesar de não ter sido esse o objetivo inicial) para se aproveitar do mesmo para a sua proto-carreira política, sem correr riscos de serem identificados ou mesmo detidos, mostrando mais uma vez que os interesses pessoais e políticos de certas pessoas foram mais importantes do que o interesse genuíno da luta de muitos. Por isso conclui-se que a luta foi justa e a iniciativa justa, porém a mesma não foi suficiente e não deve ser apenas baseada no interesse de certos estudantes, mas sim ser algo que parte de base com ideias firmes e mais abrangentes sem qualquer tipo de intenção pessoal de aparecer, mas sim um movimento de base, um movimento de luta para assuntos inter-estudantis que parta de um núcleo de estudantes organizados para tal. É nessa tarefa, que um núcleo de estudantes vai se empenhar.
João Alves (Estudante da Faculdade de Direito de Lisboa)