Somos todos turcos (e também gregos, brasileiros e professores)

Esta foto é emblemática da violência policial registada contra manifestantes tanto nas ruas de São Paulo e outras cidades do Brasil, quanto em Istambul ou Ancara, na Turquia. Neste caso, trata-se de Istambul, onde na madrugada deste domingo, dia 16, a polícia invadiu o parque Gezi para desalojar os milhares de manifestante lá acampados, provocando muitos feridos, entre os quais idosos e crianças. Segundo a Aljazeera, várias pessoas foram levadas para fora do parque em macas para ambulâncias.

Policiais apoiados por veículos blindados isolaram a praça Taksim, enquanto centenas de outros invadiam o parque Gezi, ao lado, com canhões de água e bombas de gás lacrimogéneo e a disparar balas de borracha contra os ativistas ali acampados. Os moradores das áreas próximas foram para as varandas e janelas a bater panelas e frigideiras e os motoristas ficaram a buzinar, todos a apoiar os manifestantes e a protestar contra a intervenção policial.

Desde o dia 27 de maio que centenas de milhares de trabalhadores e jovens turcos estão em luta contra o governo antidemocrático do primeiro-ministro, Tayyip Erdogan. O estopim foi o projeto do governo de derrubar 600 árvores do parque Gezi e construir uma caserna otomana na praça Taksim.

Diante da força do movimento, que rapidamente se espalhou pelo país e não se intimidou com a violência policial que provocou a morte de pelo menos 5 pessoas, o governo teve de recuar. Por decisão judicial o projeto para Taksim e Gezi foi congelado e Erdogan propôs um referendo para decidir sobre ele, numa clara tentativa de neutralizar o movimento de protesto.

Como não teve sucesso, pois os manifestantes continuaram em Gezi, com o apoio de cada vez mais setores da população, Erdogan partiu para a ameaça. Num comício com milhares de apoiantes do seu partido em Ancara, ameaçou o movimento Taksim com o desalojamento policial.

Em resposta a mais esta violenta ação do governo contra os manifestantes, vários sindicatos, entre os quais o principal sindicato do setor público, comprometeram-se a convocar uma greve nacional nesta segunda-feira, dia 17 de junho.

Esta será uma segunda-feira de luta, com manifestações em São Paulo e várias outras cidades do Brasil; na Grécia, contra o governo e o fecho da estação de TV pública; e em Portugal haverá a greve dos professores. Toda a solidariedade com os trabalhadores em luta!

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