Em janeiro de 2025, os preços dos combustíveis em Portugal registaram um aumento significativo, o maior desde 2022. A 20 de janeiro, o preço do litro da gasolina subiu 3 cêntimos, enquanto o do gasóleo aumentou 5 cêntimos. Este acréscimo gerou preocupações na Associação Nacional de Transportes Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM), que alertou para o impacto negativo nas empresas de transporte, e pediu ao Governo que voltasse a olhar para uma possível redução da tributação dos combustíveis, mesmo que temporária.
Recorde-se que o Governo previu, no Orçamento do Estado, receitas recorde em 2025 devido aos impostos sobre os combustíveis. Só no ISP serão 4,2 mil milhões de euros. Este aumento prevê um agravamento dos impostos sobre os combustíveis em 22%, representando um acréscimo de 650 milhões de euros na receita fiscal. A Associação Nacional de Revendedores de Combustíveis (ANAREC) criticou esta medida, alertando para o impacto nos preços finais pagos pelos consumidores.
O Governo pretende continuar a descongelar a taxa de carbono, sendo que o único benefício, é mesmo o aumento da receita fiscal, mas este reflete-se ainda com maior incidência no preço do GPL engarrafado, ou seja, no gás de botija, que é um bem essencial para uma grande percentagem de famílias portuguesas, nomeadamente em zonas do país onde não há outra alternativa que não o GPL engarrafado.
Portanto, este agravamento afetará não só as classes mais favorecidas ou os automobilistas (a maioria da classe trabalhadora tem automóveis e desloca-se para o trabalho no seu veículo dado a parca oferta de transportes públicos), mas também os mais vulneráveis que têm visto o seu poder de compra a diminuir todos os dias. Se a isto juntarmos todas as dificuldades crescentes no acesso à habitação, à saúde e à educação, facilmente compreenderemos que estamos muito longe de ver cumpridos grandes objetivos do 25 de Abril, o que revela incompetência ou falta de vontade por parte dos políticos. Principalmente e para começar os dos dois partidos ‘centrais’ que governam Portugal há 50 anos, mas em que a extrema-direita além de não ser solução será no governo muito pior que todos os governos que já conhecemos. No entanto, são governos do PS e do PSD/CDS que há meio século se instalaram e se acomodaram a si próprios e aos seus descendentes, criando assim uma espécie de aristocracia republicana que, através do domínio de toda a comunicação social, condena à indiferença todos aqueles que se atrevem a denunciar os podres deste regime, cada vez menos democrático.
A partir de 1 de janeiro de 2025, a taxa do Imposto sobre os Produtos Petrolíferos (ISP) aumentou cerca de três cêntimos por litro de gasolina e gasóleo, compensando a descida da taxa de carbono. O Governo falta à verdade ao implementar este aumento, contrariando a promessa de não elevar impostos no Orçamento do Estado para 2025. Trata-se, pois, duma decisão política do Governo que contraria todo o seu discurso, segundo o qual, este seria o primeiro orçamento sem aumento de impostos.
Entretanto, há que reagir. É certo que (ainda) não existem mobilizações, como as que já se verificaram de forma esclarecedora, não há muitos anos, com a greve dos camionistas das matérias perigosas, o que quer dizer que a qualquer momento novos protestos (indispensáveis) serão necessários para travar novos aumentos, pois novas ‘desculpas’ ou pretextos virão na tentativa de os ‘justificar’, seja sobre a guerra ou o aumento do barril do petróleo a nível internacional. Tudo na tentativa de justificaram o injustificável: o aumento permanente dos preços dos combustíveis por mera ganância das petrolíferas em buscas de milionários lucros. Na verdade, a esquerda e as centrais sindicais já deviriam há muito tempo ter reagido com protestos mas o seu crónico adormecimento geral é normalmente (e lamentavelmente) o paradigma que temos. Construir novas alternativas à esquerda é o que faz falta. O MAS continuará empenhado nessa tarefa.