O Presidente Marcelo deve demitir-se

O caso das gémeas: relatório da IGAS demonstra várias irregularidades e ilegalidades.

O caso das gémeas luso-brasileiras remonta a 2019, ano que vieram a Portugal para receber o medicamento Zolgensma, – um dos mais caros do mundo – para a atrofia muscular espinhal, que totalizou quatro milhões de euros. Neste caso, como também já escrevemos em artigos anteriores, havia suspeitas de que isso tivesse acontecido por influência do Presidente da República, que negou qualquer interferência no caso.

A IGAS (Inspeção-Geral das Atividades em Saúde) emitiu um relatório cujas conclusões apontam para a existência de várias irregularidades e ilegalidades no caso das gémeas luso-brasileiras, num caso que envolveu também o filho do presidente da República. Há evidências de irregularidades na marcação da primeira consulta no hospital de Santa Maria, realizada em 2020 na sequência de um telefonema efetuado pelo gabinete do então secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales. Lacerda Sales não se lembra.  O então secretário de Estado da Saúde teve conhecimento do caso das gémeas depois de uma reunião com o filho de Marcelo Rebelo de Sousa.

Foi o próprio filho do Presidente da República, Nuno Rebelo de Sousa, que escreveu ter havido intervenção do seu pai no caso das gémeas luso-brasileiras tratadas no hospital de Santa Maria. O email que Nuno Rebelo de Sousa enviou ao pai, o presidente Marcelo Rebelo de Sousa não foi encontrado pelo presidente. Este caso acontece porque os pais destas meninas são amigos do filho de presidente da república e pasmem-se, estes vêm agora afirmar que não conhecem Nuno Rebelo de Sousa.

Neste ridículo jogo do “não sei”, “não me lembro”, “não conheço” e com todos estes tráficos de influência que ocorreu neste caso, nenhuma responsabilidade foi ainda assumida. O próprio relatório da IGAS conclui que a «Presidência da República “condicionou a direção da instrução” do caso, de acordo com o capítulo “Condicionantes na execução da inspeção”, onde é referida a recusa inicial por parte de Belém no envio da documentação pedida por aquela entidade.»

Continuamos a assistir a condições miseráveis no SNS: na região de Lisboa só três serviços de urgência obstétrica se encontram abertos, muitas já sem acesso aberto. Que dizer também da recusa de um hospital em atender uma grávida em trabalho de parto, deitada no chão à entrada do hospital? Que dizer da constante falta de médicos no interior do país, sendo os utentes obrigados a viajar para o litoral ou, em alguns casos a recorrer ao privado? Sabemos que existe também uma demora em vários serviços, a que se junta os cancelamentos de consultas e exames.

Estes são só alguns problemas do SNS. Quando devia haver um maior investimento no sector da saúde (inclusive em mais pessoal), assiste-se ao processo inverso. Limitam-se ainda mais as possibilidades de um utente recorrer a uma urgência. Continua a haver uma falha gritante de médicos de família no país. Continuamos a exigir a demissão do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Apoiemos a luta de todos os trabalhadores do SNS, para quem esses 4 milhões gastos neste tratamento, juntamente com os milhares gastos em cadeiras de rodas desnecessárias seriam muito úteis. Lutemos por um melhor serviço público de saúde. Necessitamos de uma nova alternativa à esquerda no campo político que respeite as várias lutas por exigência de melhores serviços públicos e pelo respeito das condições de vida dos trabalhadores. Conta connosco.

https://cnnportugal.iol.pt/gemeas-luso-brasileiras/saude/filho-de-marcelo-escreveu-que-o-pai-tratou-do-assunto-das-gemeas-e-invocou-o-pai-para-repreender-o-atraso-da-funcionaria-de-marcelo/20240405/661012ddd34e0498921f6cdc
https://expresso.pt/semanario/primeiro/em-destaque/2024-04-04-Caso-das-gemeas-IGAS-diz-que-Presidencia-da-Republica-condicionou-investigacao-e02b9166
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