Num período onde Portugal atravessa uma interminável crise em todos os seus aspectos, somos confrontados com os burlescos lucros das empresas que por cá espalham as suas míseras migalhas.Ao sabermos que a Galp tem lucros que superam os mil milhões de euros (CM,13/02), os portugueses só se podem revoltar com um sistema capitalista que sobrevive à conta de milhões de trabalhadores com carro, indispensável nas deslocações para os seus postos de trabalho. Os lucros da Galp, e de outras grandes empresas petrolíferas, são criados devido à necessidade de pagarem a especulação de preços e os preços exorbitantes dos combustíveis.Tudo isto acontece num quadro onde se ignora uma emergência climática cada vez mais óbvia, onde quase todos os meses se batem recordes de temperatura em vários pontos da Europa. A falta de um sistema de transporte eficaz no país, o destruir da ferrovia pelo Cavaco e a miserável aposta na construção desenfreada e especulativa de autoestradas, tem como consequência um gravíssimo prejuízo ambiental, pois teima-se em não se acelerar a substituição (transição energética) da queima dos combustíveis fósseis por energias renováveis.Estamos fartos de migalhas, mas elas são o que os candidatos (a 10 de março) de vários quadrantes prometem que se (uns) forem eleitos ou (outros) reeleitos.Os lucros não se limitam aos grandes monopólios dos combustíveis e as grandes empresas tecnológicas apresentam também lucros astronómicos. Estas mesmas grandes empresas Apple, Amazon, Microsoft, Meta, etc), para alimentar os seus accionistas que exigem cada vez mais e melhores resultados, continuam, no entanto, a despedir os seus assalariados (o Correio da Manhã, de 13/02, informa que estas tecnológicas “… avançam para despedimentos em massa…”), para assim … continuarem a ter mais lucros.Nas próximas eleições a 10 e de março vai estar lamentavelmente ausente uma verdadeira candidatura que não só represente as lutas que se têm registado no nosso país, bem como uma plataforma política verdadeiramente anticapitalista e revolucionária. Só uma candidatura com esse perfil pode abrir caminho para um eficaz combate e alternativa ao crescimento exponencial da extrema-direita, em Portugal e no mundo. É a ausência de uma força com estas características, bem como a colaboração da esquerda tradicional com o regime e sistema que impera, que explica a abertura de portas à demagogia da extrema-direita, que nos Açores já alcançaram uma maioria de direita e muito provavelmente em março próximo, podem alcançar igualmente nas legislativas que se aproximam.Recuperemos, todavia, as velhas máximas: “Faz falta um novo 25 de Abril!”; “Prisão para quem roubou e endividou o país”; “Fim dos privilégios do Políticos, administradores de empresas e grandes capitalistas”! Não queremos viver de migalhas.