Continuamos a ver retrocessos em vários sectores, quanto às liberdades sociais e económicas, e são os grupos rotulados de desviantes que sentem estas movimentações de forma mais antecipada. No discreto ceifar das liberdades, há uma tendência para a desindividuação, na qual sentimos a perda da liberdade de autodeterminação de género e da liberdade sexual. A comunidade LGBTQ+, em Portugal, é das primeiras a ser empurrada, também fruto de discriminação, para uma vida parte precária, parte marginalizada.
Este é o resultado da falta de investimento público onde ele deveria estar. Podíamos ter edifícios devolutos reabilitados para mais habitação social, e não estarmos à mercê da especulação da bolha imobiliária; uma Escola Pública com qualidade, que inclui educação sexual séria e inclusiva; um SNS com capacidade de resposta e acesso a saúde de qualidade, incluindo no que respeita à saúde mental. O financiamento público está, ao invés, alocado à banca, às grandes empresas e à corda bamba da privatização dos serviços públicos.
Tal como em Portugal, também no plano internacional assistimos à consolidação de forças capitalistas da extrema-direita, que ameaçam diretamente os direitos conquistados por nós, comunidade LGBTQ+. Ventura recupera o velho molde familiar como salvação, dá palco a quem nos considera pecadores, e o programa do seu partido é contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Na União Europeia estima-se que pelo menos 2% das pessoas LGBT+ tenham sido submetida a práticas de terapias de conversão (com eletrochoques, medicamentos hormonais ou rituais de exorcismo) enquanto outras 5% tenham recebido propostas. Na Hungria, o parlamento aprovou uma lei que permitiria aos cidadãos denunciar anonimamente às autoridades pessoas LGBTQ+. Em Itália, o Ministério do Interior impôs à autarquia de Milão a proibição do registo de crianças filhas de casais LGBTQ+. Melloni reafirma o discurso anti-LGBTQ+, definindo-se como inimiga do que chama ideologia de género, com o mote Sim às famílias naturais, não ao lobby LGBT como um dos slogans de campanha.
Esta conjuntura reforça a necessidade de defesa dos direitos até hoje alcançados, e de luta pelos que ainda estão por alcançar. Dia 17 de Maio é o Dia Internacional Contra a Homofobia, a Transfobia e a Bifobia, antecipam-se um conjunto de mobilizações que se estendem por Junho, às quais apelamos à participação e apoio de todas e todos. Neste calendário, a primeira será no próprio dia 17, em Coimbra. Além das cidades habituais, assinalamos também Bragança, que se vai estrear com a primeira marcha do orgulho transmontano, no dia 19. Podes consultar os dias das restantes localidades abaixo.
Calendário Marchas LGBTQ+:
- 17 MAIO – COIMBRA
- 20 MAIO – VILA REAL
- 27 MAIO – COVILHÃ
- 27 MAIO – FARO
- 03 JUNHO – BRAGA
- 10 JUNHO – AVEIRO
- 10 JUNHO – SINTRA
- 17 JUNHO – LISBOA
- 17 JUNHO – CHAVES
- 01 JULHO – GUIMARÃES
- 08 JULHO – PORTO
- 15 JULHO – BARCELOS
- 15 JULHO – SANTO TIRSO
- 15 JULHO – PONTA DELGADA
- 22 JULHO – OVAR
- 29 JULHO – FELGUEIRAS
- 09 SETEMBRO – V.N. FAMALICÃO
- 16 SETEMBRO – SANTARÉM
- 16 SETEMBRO – SÃO JOÃO DA MADEIRA
- 23 SETEMBRO – BRAGANÇA
- 24 SETEMBRO – LEIRIA
- 30 SETEMBRO – VIZELA
- 30 SETEMBRO – TOMAR
- 07 OUTUBRO – ESPOSENDE
- 14 OUTUBRO – VISEU