A situação das mulheres no Irão continua a conhecer uma violência que exigiria uma forte tomada de posição da comunidade internacional. No entanto, não há movimentos relevantes, ainda que já tenha havido vítimas mortais.
Já a coragem das mulheres iranianas é digna de louvor porque, apesar das proibições e perseguições, das polícias e do governo, e até de alguns grupos mais radicais da população, nada as detém.
As mulheres estão na vanguarda do movimento contra o uso obrigatório do Hijab (véu islâmico), que serve para cobrir os cabelos, imposto desde que o regime mudou há 44 anos, ano em que os ayatollahs tomaram o poder e o Irão se tornou uma república islâmica.
Relembremos o caso de Mahsa Amini, detida pela “polícia religiosa” do Irão (por hijab mal colocado), tendo vindo a falecer três dias depois. Os exames realizados a Mahsa Amini, revelados por um hacker nas redes sociais, mostraram que a jovem tinha sofrido de hemorragia cerebral devido a graves traumatismos e fraturas. Isto levou a uma revolta popular que se estendeu também a nível internacional.
Como qualquer governo autoritário, o regime do presidente Ebrahim Raisi bloqueou todo o acesso às redes sociais e internet no país, numa tentativa de abafar o fogo da revolta popular, bem como de tentar acalmar as pressões externas sobre o Irão.
Ao mesmo tempo que a contestação se avoluma, também os ataques de franjas mais radicais de direita da população e entidades desconhecidas têm vindo a envenenar meninas e jovens em escolas. São grupos que pretendem que a educação seja vedada às mulheres.
A polícia apresenta se mas mas as necessárias ambulâncias não. São as famílias das jovens que as transportam aos hospitais. O presidente do Irão anunciou também o uso de tecnologia de reconhecimento facial em transportes públicos para impor estas mesmas leis de obrigatoriedade do hijab, entre outras. Todos estes protestos transcendem o código do vestuário: exigem igualdade de género e justiça social e económica
Estamos igualmente perante um cenário intimidador em que há guardas à porta do metro para impedir a entrada a toda a mulher que se apresente sem o hijab ou com o hijab “mal colocado”.
A repressão e a tortura acentuaram-se desde a criação da “polícia moral” do Irão. Se isto parece só dedicado às mulheres, é ainda pior como instrumento de repressão aos direitos LGBTQIA+. Estes direitos são extremamente atacados no Irão. Para além da tortura, duas activistas foram condenadas à morte por “corrupção na Terra”.
Apoiamos o conjunto do povo iraniano que se revolta contra o regime teocrático, autoritário e ultraconservador do Irão. Prisões, perseguições e condenações à morte: Basta!
As mulheres iranianas merecem toda a nossa solidariedade. Basta de violência sobre as mulheres! Prestamos também homenagem a Mahsa Amini, mártir desta causa.
Mahsa Amini, presente!