Total repúdio à violência e racismo dos militares da GNR sobre trabalhadores migrantes em Odemira

Não esquecemos a brutalidade com que a PSP espancou Cláudia Simões, na Amadora, ou a família Coxi, no bairro da Jamaica. Não esquecemos a manifestação de jovens negros, dispersada a balas de borracha, em plena Av. da Liberdade, em Lisboa, pelo corpo de intervenção da PSP. Não esquecemos o assassinato de Ihor Homeniuk nas instalações do Aeroporto de Lisboa, às mãos de agentes do SEF. Não esquecemos a morte de Danijoy Pontes, de contornos suspeitos ainda por apurar, sob a responsabilidade da Guarda Prisional, no Estabelecimento Prisional de Lisboa. Repudiamos mais um caso de brutalidade e racismo policiais, agora às mãos de 7 militares da GNR, que repetidamente se fizeram utilizar da autoridade que a farda lhes confere para cobardemente torturar, violentar e humilhar vários trabalhadores migrantes, em Odemira1.

Existe um padrão evidente: normalização da brutalidade e racismo no seio das mais variadas forças de autoridade; impunidade policial, ao ponto de os próprios militares se filmarem a executar tais barbaridades; e a conivência institucional do Estado e dos governos, quanto mais não seja, por omissão e inacção. Quem o afirma é o insuspeito Conselho da Europa, que já em Março2 se manifestava “muito preocupado” com aumento de crimes de ódio racial em Portugal, e que em Novembro alertou para o facto de a violência e racismo policiais serem frequentes no país34.

Este é mais um dos graves problemas sociais que o Governo PS, lamentavelmente apoiado por BE e PCP, nos últimos 6 anos, não foram capazes de solucionar ou, pelo menos, dar passos em frente. António Costa esteve mais preocupado em segurar o seu amigo Ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, que a solucionar a violência e o racismo policiais que percorrem a generalidade das instituições do Estado, nomeadamente, as forças da autoridade.

A organização de sectores de extrema-direita na polícia (Movimento Zero e Sindicato Unificado da PSP) e a promiscuidade desses movimentos com o Chega, de André Ventura, demonstram que não estamos na presença de casos isolados, mas que enfrentamos um grave problema de violência e racismo estrutural e institucional.

Já que o actual Governo PS nada foi capaz de fazer, o governo que sair das eleições de Janeiro de 2022 tem de enfrentar, com vigor, o problema do racismo e violência estruturais, assim como o crescimento de organizações fascistas. É preciso ilegalizar o Chega por atentar contra a nossa sociedade, perfilhando uma política e ideologia fascistas, dando justificação ideológica e política ao racismo e violência estruturais. André Ventura, líder do Chega, acaba de ser condenado pelo Supremo Tribunal de Justiça por segregação racial.

É preciso expulsar a extrema-direita das polícias, desmantelando o seu crescimento. É urgente a punição e expulsão de todos os militares da GNR envolvidos na tortura e humilhação de vários trabalhadores migrantes, em Odemira.

Sem justiça não há paz!

1 https://expresso.pt/sociedade/2021-12-16-Militares-da-GNR-filmaram-se-a-torturar-imigrantes-em-Odemira-da6c1bcf

2 https://expresso.pt/sociedade/2021-03-24-Conselho-da-Europa-muito-preocupado-com-aumento-de-crimes-de-odio-racial-em-Portugal-ec144b5e

3 https://www.rtp.pt/noticias/pais/conselho-da-europa-critica-violencia-policial-e-falta-de-condicoes-nas-cadeias-em-portugal_v1275095

4 https://www.publico.pt/2020/11/13/sociedade/noticia/conselho-europa-violencia-policial-frequente-portugal-pede-medidas-urgentes-1938969

Anterior

PAN – ecologia sem luta de classe só pode acabar em capitalismo

Próximo

Governo Costa e Bruxelas dão mais um tiro na TAP