O planeta está a arder

Fartos do vosso blá, blá, blá. Transição energética, já!

Está a decorrer em Glasgow, até 12 de novembro, a COP26 (ou seja, a 26ª conferência das Nações Unidas sobre alterações climáticas). Nesta cimeira, patrocinada por uma série de empresas multinacionais, pretende-se que líderes mundiais convirjam em propostas e compromissos para travar as alterações climáticas, contando com a participação de cerca de 30.000 políticos, empresários, banqueiros, investidores e lobistas “verdes”, entre outros.

Com tantos interesses obscuros envolvidos, não admira que, 25 cimeiras depois, se continue a gastar no mundo mais dinheiro em armamento do que no combate efetivo às alterações climáticas e que os cientistas considerem que o objetivo de limitar o aumento da temperatura global em 1,5ºC possa já não ser alcançável. A própria ONU concluiu que os compromissos atuais para redução levarão ao aumento de 16% nas emissões de gases de efeito de estufa (GEE) em 2030, face a 2010,e portanto ao aumento de 2,7ºC na temperatura média global.

Apesar de a ONU apresentar a COP26 como a nossa “grande última oportunidade para retomar o controlo”, Greta Thunberg tem razão quando diz que tudo o que podemos esperar é mais “blá-blá-blá”. Enquanto a resolução da crise climática depender da vontade dos governos e grandes empresas, bem como dos banqueiros que, nas palavras de Greta, “estão a financiar a nossa destruição”, continuaremos no caminho para o fracasso. Nem os mercados de carbono, nem a miragem de uma tecnologia de captura de carbono, nem os planos irrealizáveis de compensação de emissões podem resolver a crise climática. 

O corte de 59% das emissões até 2030 só é alcançável com um plano para a transição energética que coloca as pessoas e não o lucro no centro das prioridades. Só assim seremos capazes de acabar com o jugo da indústria fóssil e reduzir efetivamente a produção mundial, tornando-a sustentável e direcionada para as reais necessidades humanas. Para tal, precisamos de um movimento forte e unitário nas ruas, que deixe bem claro que estamos fartos de blá-blá-blá. 

Sabemos que uma sociedade socialmente justa e ambientalmente sustentável é possível, apenas não num sistema predatório, desregulado e explorador como é o sistema capitalista. Assim sendo, resta-nos lutar pelo próximo passo em frente da Humanidade. As nossas vidas são mais importantes do que o lucro.

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