Movimento Alternativa Socialista propõe confluência à esquerda, sem o PS

O Orçamento do Estado 2022 foi reprovado e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, conforme declarou previamente, procederá à dissolução da Assembleia da República e à convocação de novas eleições legislativas. A crise política está instalada no país.

O Presidente da República leu os sinais das últimas eleições autárquicas e conta com o desgaste do PS e o duro castigo de BE e PCP para que a direita volte ao poder. Embora não seja certo, existe a possibilidade que a solução governativa da Região Autónoma dos Açores venha a reproduzir-se a nível nacional: um governo da direita coligada com a extrema-direita. Outros dois cenários são possíveis: ou uma maioria absoluta do PS, beneficiando do voto útil à esquerda; ou uma relativa manutenção da actual correlação de forças parlamentar, com BE e PCP a perderem influência.

Certo parece ser o enfraquecimento eleitoral de BE e PCP. Este é o resultado da política de apoio ao Governo PS, nos últimos 6 anos, que muito prometeu, mas pouco cumpriu. A contínua queima de recursos públicos na banca, a precariedade, a pobreza, a dura carga fiscal e a destruição dos serviços públicos evidenciam que a página da austeridade não foi virada.

Neste cenário, impõe-se a pergunta: qual a proposta da esquerda para defender os interesses de quem vive do seu trabalho?

A proposta do MAS é clara e é a seguinte, no actual contexto imediato: BE e PCP devem confluir em torno de uma candidatura conjunta e assumir-se como uma alternativa viável quer a governos PS quer a governos de coligação de direita. O país está cansado das mesmas “soluções” de sempre. Precisamos de uma verdadeira alternativa de governo à esquerda, que se comprometa com a mobilização e a efectiva defesa dos interesses dos trabalhadores e sectores mais empobrecidos da sociedade. Consideramos que a sua confluência (e unidade) é urgente e necessária. Ninguém compreenderá que tenham juntado esforços para apoiar o PS, durante 6 anos, e não sejam agora capazes de juntar esforços em torno de um projecto de esquerda para o país.

O MAS está disponível para abdicar de uma candidatura própria em benefício de um projecto de confluência à esquerda, com BE e PCP, movimento social e sindical, e independente do PS. Esta é a proposta que fazemos ao BE e ao PCP. Vamos solicitar ainda esta semana reuniões bilaterais aos dois partidos para apresentar formalmente esta proposta concreta. Ou é isso, ou não resta alternativa que não seja lutar por renovar a esquerda.

3 de Novembro de 2021

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