As nossas escolas estão cheias de problemas e o Governo Costa (o anterior e o actual) faz vista grossa, há anos. Na verdade, desde os Governos Sócrates e Maria Lurdes Rodrigues, ao Governo PSD/CDS-PP (P. Coelho e P. Portas) até aos governos actuais que a degradação das condições de trabalho no ensino público se intensificou a olhos vistos.
O amianto que está, nomeadamente, nos telhados de fibrocimento, em tectos falsos ou nos próprios pavimentos das salas, de inúmeras escolas básicas e secundárias, ainda não foi removido totalmente, apesar das várias promessas governamentais. Este material de construção, cuja utilização está proibida em território nacional desde 2005, tem sido associada a casos de cancro. Mas não é o único problema das nossas escolas.
A violência e a impunidade nas escolas é, infelizmente, um flagelo no quotidiano escolar. Produto de várias condicionantes sociais, psicológicas e até económicas, o problema ainda não foi nem resolvido nem atacado na sua raiz mais profunda. Daí a continuidade de casos por vários estabelecimentos de ensino. O ensino faz parte de um país com um contexto socioeconómico onde os mais prejudicados, as classes sociais mais desfavorecidas, estão expostas a muitos dos dramas que ocorrem nas nossas escolas.
Relacionado com tudo isto temos profissionais da Educação, desde funcionários, professores e psicólogos, com baixos salários, carreiras congeladas há anos ou aumentos tão precários e reduzidos que o IRS lhes reduz ou mantém salários que começam a tornar-se irrisórios. No caso dos funcionários, antigos ‘contínuos’, a situação ainda é mais caricata. Para além de cada vez mais escassearem nas escolas, uma vez que o governo praticamente não recruta ninguém, os profissionais em serviço vivem sobrecarregados de trabalho. Como se não bastasse, o salário destes trabalhadores é verdadeiramente escandaloso, pois nem com 30 anos de serviço conseguem, na maioria dos casos, obter 650 euros por mês.
É a esta luz que surgiu o novo sindicato – o S.TO.P. – com um papel inovador e activo na actual realidade. Desde Outubro que inúmeras greves e acções de protesto foram organizados pelo S.TO.P., sindicato que abrange não só os professores mas todos os profissionais da Educação, pela imediata remoção do amianto das escolas, em segurança, na defesa de todos os profissionais da Educação, pela sua valorização e dignificação, assim como várias outras reivindicações que, como consequência, pretendem defender melhores condições para os alunos nas escolas.
O marasmo do movimento sindical tradicional é de tal modo evidente que um recente e ainda pequeno sindicato tem vindo a representar importantes lutas em defesa de quem trabalha, de um ensino público a melhorar e de atenção aos mais prejudicados na Educação. A luta deste pequeno sindicato já levou os sindicatos tradicionais (dos professores) a começarem a agir, finalmente, em torno de algumas questões graves e inéditas abrangidas pela greve do S.TO.P. contra o amianto bem como levou os sindicatos tradicionais dos funcionários escolares a começarem a aumentar a intensidade da luta, que andava manifestamente há meses pouco ativa, em torno de questões também abrangidas pela greve do S.TO.P. (ex: falta de funcionários e a dignificação do seu trabalho e das suas vidas).
O sectarismo tem de dar lugar à solidariedade entre sindicatos que pretendem avançar na conquista de direitos laborais e melhores condições de vida para todos nós, seja na Educação ou em qualquer outra área da nossa sociedade. O S.TO.P. tem-se demonstrado publicamente disponível para juntar forças e reforçar a luta. O MAS saúda e reforça essa postura.