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As eleições regionais da Madeira e os possíveis resultados eleitorais nacionais


As eleições regionais da Madeira são caracterizadas pela sua especificidade. No entanto, alguns dos resultados obtidos devem indicar já comportamentos eleitorais para o resto da país.

Apesar da vitória do PSD (39,42%), este perde a maioria absoluta que já durava há 43 anos. A sua votação é muito idêntica às eleições de 2015. O CDS-PP (5,76%) perde mais de metade dos votos de 2015 e passa de 7 para 3 deputados. Mesmo com um PSD que, mais uma vez, faz uma campanha baseada na boçalidade e nos mais baixos sentimentos anti-esquerda, não consegue contrariar a crise que a direita atravessa, a nível nacional. De qualquer forma, a direita já se tinha precavido com um acordo de governo, pelo que continuará a governar a região.

O PS ficou em segundo lugar mas nunca obteve um resultado tão expressivo na Madeira, 36% dos votos, apenas a 5.000 votos do PSD. Passa de 5 para 19 deputados. Fruto da Geringonça, o PS reforça-se, também na Madeira, à custa do enfraquecimento da esquerda, BE e CDU. Este resultado pode mesmo vir a ser determinante para aquilo que faltava ao PS para alcançar a maioria absoluta a nível nacional.

A CDU perde cerca de 63% da sua votação de 2015. Passa de 7.060 votos, em 2015, para os 2.577 votos actuais, passando de 2 para 1 deputado regional. O BE sofre uma derrota semelhante, perdendo cerca de 49% da sua votação de 2015, ficando sem deputado regional na Madeira. Mesmo que quisessem, a BE e PCP deixaram de ter influência política para conformar uma espécie de Geringonça madeirense.

O PAN, depois de, no ano de 2015, ter integrado uma coligação com o PS, não se recompôs e não elegeu nenhum deputado. O JPP não consegue igualmente reforçar a sua bancada parlamentar, passando de 5 para 3 deputados.

As eleições da Madeira confirmam que a Geringonça tem como efeito o fortalecimento do PS em detrimento do BE e da CDU. Este é o resultado de 4 anos com BE e CDU a patrocinar o projecto político e os Orçamentos do Estado do PS.

BE e CDU contribuíram para retirar o PS da crise em que estava mergulhado, em 2015, e contribuem para o vigor do seu governo, que, ao que tudo indica, se renovará, com a possibilidade de uma maioria absoluta. Os últimos 45 anos de governação demonstram que a regeneração do PS não beneficiará aqueles que vivem do seu trabalho. Estamos à beira de assistir a uma renovação do Governo PS, sem uma oposição séria e combativa à sua esquerda, algo inédito no nosso país.

É preciso uma esquerda que partilhe das exigências que a ex-deputada europeia do próprio PS, Ana Gomes, faz: se há dinheiro para a banca tem de haver dinheiro para a Saúde dos trabalhadores. Não fazem falta PPP na saúde. Faz falta, sim, mais investimento em centros saúde, mais médicos, enfermeiros, técnicos de diagnóstico, infraestruturas, etc. Quem fala na Saúde, fala igualmente do Ambiente, da Educação, nos Transportes públicos colectivos, na Habitação e nos direitos laborais.

Ou seja, é preciso um governo de esquerda, independente do PS, que transforme os recursos despendidos com os privilégios dos poderosos num programa em torno da verdadeira defesa dos direitos laborais e condições de vida, em torno de um real investimento público e da nacionalização dos sectores estratégicos como forma de colocar a nossa economia num caminho ambientalmente sustentável, com a criação de milhares de postos de trabalho.

A defesa de tal caminho faz-se com uma esquerda alternativa fortalecida. Uma esquerda independente que, sem ambiguidades ou cálculos eleitorais, está determinada na defesa dos direitos de todos os trabalhadores, sejam eles professores, enfermeiros, profissionais da Saúde, estivadores ou motoristas, sem pactos com o PS ou com os poderosos.

– Por um aumento geral e imediato de salários em €100.

– Pela redução da idade da reforma para os 62 anos de idade ou 38 de descontos.

– Por penas mais duras e efetivas para os agressores machistas.

– Nacionalização de toda a banca intervencionada e setor energético para investir numa verdadeira transição energética, com a criação de milhares de postos de trabalho em setores ambientalmente sustentáveis.

O MAS pretende contribuir para construir essa indispensável esquerda alternativa.

No próximo dia 6 de Outubro, vota MAS.

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