Panfleto LGBT

Também em Lisboa: o Orgulho não se vende!

Nos últimos tempos, as nossas sexualidades, relações com os nossos corpos e afectividade têm marcado presença desde as mais simples conversas de café, passando pelos murais das redes sociais, até ao discurso de muitos partidos e políticas de muitos governos.

As conquistas legais constituem uma alteração real na vida de milhões de LGBT, no entanto, mais do que batalhar pelo direito legal a contrair matrimónio, é necessário lutar pelas condições objectivas para constituir família como, por exemplo, ter garantida a habitação, trabalho com salário e condições laborais dignas, espaços livres de assédio sexual e moral, assim como o direito ao tempo lúdico. É importante perguntarmos a quem nos governa onde estão as verdadeiras condições para garantir um matrimónio consciente e livre de opressão? Ou seremos apenas parte de uma agenda eleitoral para capitalização de votos? Ou será que a nossa aquisição de direitos serve tão e somente para a manutenção de nichos de mercado?

É da nossa compreensão que numa altura de agudização de crise haja uma dicotomia orquestrada entre um sector privado que nos expõe e vende como uma mercadoria apetecível com falsos discursos de inclusão e um outro (mas o mesmo) sector privado que nos empurra, por sermos LGBTs, para os postos de trabalho muito mais precários com desgaste emocional e constante medo de despedimento. Conivente activa ou passivamente com esse esquema está um Estado que não nos apresenta um plano consequente de erradicação da LGBTfobia que passará, necessariamente, por querermos os professores, profissionais de saúde, assistentes sociais, juízes, polícias e o conjunto da sociedade formados para enfrentar os problemas concretos das LGBT.

Em respeito à memória de todas a história das nossas resistência e insurreições mundiais , desde a revolta de Stonewall, passando pelo apoio à greve dos mineiros britânicos em 84/85 e até mesmo em respeito à todas as nossas revoltas silenciadas, as que não cabem nos páginas dos livros escolares, e pelo compromisso com a luta pelo bem-estar de todas e todos as e os trabalhadoras e trabalhadores , o MAS solidariza-se, apoia e propõe-se a ajudar a impulsionar a manutenção das conquistas já alcançadas mas também a darmos um passo à frente das nossas próprias expectativas na exigência do que nos parece impossível.

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