Afetos para Bolsonaro? Não em nosso nome!

Após a vitória eleitoral de Jair Bolsonaro para a presidência do Brasil, este tomou posse a 1 de Janeiro. Bolsonaro é uma figura da extrema-direita.

Este apoia a tortura e a violência policial, seus apoiantes espancam e matam LGBT, indígenas, feministas, negros e ativistas. Durante a campanha eleitoral, prometeu perseguir, prender e “metralhar” a oposição de esquerda e suas organizações e dirigentes. Prometeu entregar a Amazónia ao horror económico. Foi eleito com base em fake news, mentiras e preconceitos enquanto o seu principal opositor está preso, sem provas. O seu governo é composto por militares, extremistas religiosos, corruptos, defensores da terra plana, machistas, LGBTfóbicos e racistas convictos e pretende aplicar um programa económico de esmagamento dos direitos dos trabalhadores e de entrega dos recursos e mão-de-obra brasileira às multinacionais. Bolsonaro é um neofascista e representa o pior da humanidade.

 

Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente dos afetos, não só compareceu à tomada de posse como teve uma série de reuniões com o candidato a ditador, a quem chamou de irmão, em nome do Estado português. Que triste papel. Junto a Marcelo apenas um outro governante europeu esteve presente na tomada de posse, este foi o primeiro-ministro Húngaro, Viktor Orbán, também ele conhecido por ser um representante da extrema-direita xenófoba europeia, um dos tais “populistas” que Marcelo finge reprovar. Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro do Estado genocida de Israel foi um dos convidados de honra. Mike Pompeo, secretário de Estado dos EUA foi o representante de Trump.

Mas então, o que Marcelo foi lá fazer? Parece-nos que o pano de fundo da visita de Marcelo, ao seu irmão Bolsonaro, está intimamente relacionada com a promessa de Bolsonaro de fazer 100 privatizações no seu primeiro ano de governo e de entregar os vastos recursos brasileiros ao investimento estrangeiro. Marcelo cumpre, assim, o papel de relações públicas dos grupos económicos privados portugueses e europeus. Já o Governo de António Costa tinha mandado felicitações ao novo presidente do Brasil aquando da sua eleição. Para estes políticos, não interessa se o Presidente do Brasil defende a tortura e a perseguição a LGBTs, negros, mulheres ou opositores desde que os interesses económicos das empresas portuguesas e europeias estejam garantidos. São todos muito pragmáticos.

Ao mesmo tempo, notamos também um silêncio ensurdecedor da nossa esquerda parlamentar, BE e PCP, sobre esta visita. Ambos os partidos criticaram e condenaram a eleição de Bolsonaro. Porque não aproveitar esta ocasião para denunciar a promiscuidade entre Marcelo e o Governo Bolsonaro? Inclusive, no mesmo dia, mostraram agrado com a declaração de ano novo do Presidente português que “criticava os populismos e defendia a democracia”. Talvez os cálculos eleitorais não permitam entrar em choque com a popularidade do Presidente dos afetos. Para nós, a necessidade é a de combater Bolsonaro e o que este representa, a nível internacional.

Da nossa parte enviamos todos os afetos à resistência do povo brasileiro, às LGBT, feministas, negros, indígenas, sindicalistas e ativistas que estão a ser atacados pelo novo governo. Bolsonaro é inimigo dos nossos irmãos brasileiros, o povo trabalhador e oprimido do Brasil e, como tal, nosso inimigo também. A esses, prestamos toda a nossa solidariedade internacionalista.

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