A hipocrisia do Governo PS é gritante. A sua obstinação em continuar com o furo petrolífero em Aljezur demonstra o seu total desprezo pela vontade das populações, pela sua qualidade de vida e põe em risco a nossa economia. Não se pode aumentar dramaticamente o imposto sobre combustíveis invocando argumentos de sustentabilidade ambiental e ao mesmo tempo pretender abrir a caixa de pandora da prospecção petrolífera na costa portuguesa.
Prestige, em 2002, na Galiza, Explosão da plataforma Deepwater Horizon, em 2010, no Golfo do México e Exxon Valdez, em 1989, na costa do Alasca. Já deviam ter aprendido a lição. Tal como com a energia nuclear, os riscos são demasiado grandes, a negligência humana, a incúria demasiado provável para arriscarmos assim o futuro dos ecossistemas marítimos e do nosso tecido económico. Os únicos que beneficiarão com a construção de plataformas petrolíferas serão os accionistas da ENI e da GALP.
Mesmo depois do Tribunal Administrativo e Fiscal de Loulé suspender a licença para o furo de prospecção em Aljezur, o governo apressou-se em anunciar, pelo Ministério do Mar e pela Direcção Geral dos Recursos Marinhos que iria recorrer da decisão. Que aconteceu afinal às tímidas promessas do Acordo de Paris? Trump, que rasgou o Acordo e insiste no regresso à exploração do carvão foi bastante criticado por cá e o governo português que decide agora apostar na exploração de uma fonte de energia que nos está a lavar para o abismo? Temos dois pesos e duas medidas em relação às políticas energéticas prejudiciais ao ambiente quando estas são fora de Portugal?
A política energética de Trump é criticável e censurável. Mas a teimosia do Governo português de avançar na prospecção de petróleo não é também?
E logo em Portugal, país a que não faltam os recursos naturais para ser soberano em termos energéticos e sê-lo de forma limpa, este que é um país de tanto sol, marés e ventos. O futuro do planeta está em risco. As energias não poluentes estão aí nos céus e nas ondas e não em furos nas profundezas do mar donde só podem vir marés negras, o aumento de riscos sísmicos e o aumento irreversível da temperatura global que tornará a vida neste planeta insustentável.
O Movimento Alternativa Socialista (MAS) defende outro futuro. E esse futuro constrói-se com a revogação imediata de todas as concessões de prospecção de furos petrolíferos sem direito a qualquer indemnização. Esse futuro passa pela acessibilidade e melhoria da oferta de transportes públicos e não pela degradação a que temos assistido. Esse futuro passa pelo envolvimento das populações no desenvolvimento de um plano de energia limpa garantido novos empregos e qualidade de vida. Esse futuro passa pela presença de todos/as nós na Marcha Mundial do Clima que se realizará em Lisboa (Cais do Sodré), Porto (Praça da Liberdade) e Faro (Lago da Sé) este Sábado (8 de setembro) às 17 horas. Este futuro passa sobretudo pela transformação da sociedade onde vivemos, deixando esta de ser determinada pela maximização do lucro e passe a ser regida segundo as nossas necessidades e as do planeta.
Artigo de David Santos