A 21 de Agosto de 1940, na sua casa junto à cidade do México, Leon Trotsky era brutalmente assassinado pelo espião espanhol Ramon Mercader, ao serviço da polícia política estalinista.
Nascido na Ukrania em 1879, Trotsky cedo se dedicou à causa revolucionária. Após a morte de Lenine e sobretudo a partir de 1924, entrou em dissidência aberta com as orientações de Estaline, sendo expulso do Partido em 1927 e da Rússia em 1929. Foi obrigado a fugir para a França e outros países europeus, sempre perseguido pelos esbirros estalinistas, acabando por ser vítima dessa perseguição na localidade de Coyoacán, México.
A vingança de Estaline acabou por se abater igualmente sobre toda a sua família e apoiantes, os seus 4 filhos, genros, noras, netos e outros parentes próximos, consideramos como “inimigos do povo”.
Apesar de nos últimos anos, o Polit Buro ter procedido à reabilitação de muitas figuras da velha guarda, Trotsky nunca foi oficialmente reabilitado.
O papel de Trotsky foi decisivo na consolidação da concepção internacionalista da revolução, bem como na formação das Internacionais, sobretudo a IV Internacional, como movimento que une os trabalhadores e operários de todos os países na sua luta contra o domínio do capital que também procura globalizar-se.
Trotsky dedicou toda a sua vida a desmontar os crimes do estalinismo e a denunciar a direcção equivocada que a revolução soviética viera a tomar e que ele entendia serem contrários aos interesses da classe trabalhadora russa e mundial. Tal posicionamento despertou contra ele e contra alguns dos seus apoiantes o ódio do aparelho repressivo estalinista que o perseguiu por toda a Europa e América do Sul. A eliminação de Trotsky, sua família e amigos visava não apenas consumar a vingança do ditador Estaline, mas sobretudo decapitar um movimento que, pelas suas características, constituía a mais séria ameaça vinda da esquerda, contra as opções ditatoriais prevalecentes no aparelho soviético de controle de cúpula sobre a totalidade dos organismos, partidos e instituições sob influência soviética, então o modelo de revolução inspirador de muitos povos.
Podia ser que 78 anos após o seu assassinato, dado as inúmeras voltas que o mundo levou desde então, que a obra maestra de Trotsky, a fundação da IV Internacional, estivesse obsoleta. Vários elementos o parecem confirmar. Não há desde logo, como ele (erroneamente) previu, uma IV Internacional de massas. Na verdade, nem existe uma IV Internacional. Há, isso sim, vários centros (ou melhor, mini centros) internacionais ‘quartistas’ (ou que o declaram ser), em que uns (poucos) o são de algum modo, uma Internacional (o SU ou o CWI/CIT, por exemplo) ou se aproximam de o ser e outros que ambicionam sê-lo sem nunca o alcançarem. Todavia, a IV internacional ou uma Internacional revolucionária e de massas, são hoje mais do que nunca uma necessidade imediata e histórica pois de outro modo a disjuntiva que Trotsky também nos deixou é cada vez mais uma realidade: ou socialismo ou barbárie. E barbárie é que não falta no planeta de hoje. Destruição da natureza, de animais e do próprio homem a uma velocidade nunca vista. Até o perigo de novas (grandes) guerras e de guerras nucleares voltaram à ‘agenda’ dos grandes países imperialistas.
É certo que o trotskismo de hoje (ou de centros e mini centros internacionais) está muito disperso, muito fracturado e, pior, sem se vislumbrar a corrente que se põe ao serviço de juntar forças revolucionárias e trotskistas, de forma decidida e abrangente. Esse é o desafio para o novo século. Mesmo sem Trotsky e sem Uma IV unificada e de massas, o seu programa de necessidade de responder unificadamente aos grandes conflitos mundiais, a necessidade de novas revoluções socialistas, da destruição do sistema capitalista e da abertura de novos horizontes para a humanidade, leva-nos a considerar que tudo o que o(s) trotskismo(s) é hoje, mesmo com suas evidentes debilidades e fracturas, a persistência em construir partidos revolucionários nacionais e à escala mundial, é o desafio tão actual quanto antes.
Viva a IV Internacional
José Oliveira e Gil Garcia