O desastre a que hoje assistimos na antiga Triumph era previsível. Quando a Gramax comprou a fábrica, o Ministro da Economia e o Presidente da Câmara de Loures anunciaram que os novos investidores seriam a solução. Passado um ano, a Gramax vai-se embora e prepara-se para deixar todas as trabalhadoras no desemprego.
Foram as trabalhadoras e a sua luta que têm impedido que a situação termine de forma desastrosa. Sindicatos, Governos, Tribunais e ACT todos parecem estar em sintonia: aceitam o encerramento da fábrica e os despedimentos, desde que as trabalhadoras recebam os subsídios devidos e salários atrasados. Isso é justo, mas não evita o pior.
Sem emprego, não há subsídios que garantam o futuro das trabalhadoras e das suas famílias. Sendo a maioria mulheres, além de terem muitas vezes mais uma “jornada” de trabalho doméstico em casa, terão mais dificuldades em reingressar no mercado de trabalho. E se o conseguirem, as condições e salários serão provavelmente ainda mais baixos. Será esta a solução?
O MAS apoia totalmente as operárias da Triumph. No entanto, chamamos a que não se resignem com o despedimento. O vosso trabalho é útil e necessário! O Governo, assim como a Câmara Municipal de Loures, devem tomar as medidas para a manutenção dos postos de trabalho. O estado precisa de fornecedores na área têxtil: os hospitais, as empresas públicas, as creches etc. precisam de roupa e fardas. A antiga Triumph deve ser nacionalizada, sem qualquer indemnização à Gramax. A maquinaria deve ser confiscada e a fábrica reconvertida para fornecer o Estado e até eventuais clientes privados. Além de servir e dar lucro ao Estado, os postos de trabalho seriam garantidos!
Se os Governos podem salvar bancos e banqueiros, porque não salvam fábricas e empregos?