No passado sábado, dia 21 de Outubro, companheiros e companheiras do MAS foram à manifestação, contra a catástrofe dos incêndios deste ano, que teve lugar no Terreiro do Paço, em Lisboa.
O MAS levou uma faixa com a frase: “Governos PS, PSD E CDS: Culpados!”. Esta deveria ser uma manifestação em que as pessoas descontentes se juntavam livremente, para demonstrar a sua indignação com o resultado das políticas agrícolas, florestais e da administração interna, seguidas pelos sucessivos Governos PS, PSD e CDS-PP, nos últimos 40 anos.
No entanto, mal o MAS acabou de levantar a sua faixa foi imediatamente impedido de a manter levantada por elementos de direita e de extrema-direita, através de intimidações e agressões. Alguns dos insultos direcionados a militantes do MAS foram os seguintes: “comunas de merda”, “vão para o avante”, “vão para a Venezuela” e/ou “fascistas de esquerda”. Face à determinação em fazermos ver e ouvir a nossa opinião, fomos literalmente “abalroados” por aqueles elementos de direita e de extrema-direita. No seu seguimento, a intervenção da PSP também nada ajudou a repor o direito à liberdade de expressão. Para além de confusa, foi no sentido de nos retirar a faixa e de nos isolar da manifestação como se a responsabilidade pelos desacatos tivesse sido nossa. Repudiamos esta intervenção.
Este episódio deve servir, pelo menos, para desmascarar a hipocrisia da direita que tenta aproveitar-se do descontentamento popular contra os incêndios, para fins eleitoraleiros, mobilizando e tomando, encapotada e dissimuladamente, conta das manifestações convocadas, mesmo sendo um dos principais responsáveis pelo problema.
O que incomodou, verdadeiramente, os “senhores” da manifestação foi a nossa faixa apontar o dedo a PSD e CDS-PP, para além do PS, como sendo também eles responsáveis por tornar a nossa floresta refém dos interesses das madeireiras e celuloses. Ou seja, o que incomodou, verdadeiramente, os “senhores” da manifestação foi termo-nos limitado a dizer apenas a verdade.
Na opinião do MAS, a tragédia a que o país assistiu este ano, tanto no início como depois do fim do Verão, deve-se aos sucessivos Governos PS, PSD e CDS-PP, sob o patrocínio da UE, que subsidiou o abandono da produção agrícola. Do abandono da agricultura à desertificação do interior do país foi um passo.
É também da nossa opinião que, simultaneamente, aqueles mesmos governos foram abrindo caminho aos interesses da monocultura do eucalipto. O ano de 2017 é o culminar desta constelação de políticas erradas, de defesa dos interesses financeiros e económicos das madeireiras e celuloses e dos profundos cortes no investimento público na floresta. Resultado? Mais de 500.000 hectares ardidos e mais de 100 mortos.
Qualquer pessoa, minimamente atenta, reconhece que esta caracterização não foge à realidade, nem um milímetro. Prevenimos os “senhores” da direita que nem à traulitada esta realidade se irá alterar, pelo que não nos cansaremos de a evidenciar.
Achamos também que as direcções do BE e do PCP deveriam ter chamado uma manifestação que denunciasse os erros dos sucessivos Governos do PS, PSD e CDS por termos chegado a este ponto. Isso mudaria o carácter e a correlação de forças das manifestações. É preciso que BE e PCP combatam a hipocrisia da direita e que digam a verdade sobre esta tragédia para que no futuro não se volte a repetir.
Por fim, uma palavra de agradecimento pela solidariedade prestada pelos activistas dos mais variados quadrantes à esquerda.