vimeca

Loures: Pelo fim do pesadelo dos “transportes públicos”

A mobilidade das populações é um dos eixos fundamentais para uma gestão autárquica que verdadeiramente se preocupe com a qualidade de vida das pessoas.

Os transportes públicos são assim também um dos instrumentos fundamentais para uma política ambiental que se preocupe não só com as pessoas que hoje necessitam de transportes públicos bem como as gerações vindouras, que serão ainda mais afectadas pelas alterações climáticas, cujos efeitos já podemos sentir e que só serão ainda mais agravadas se nada mudar na nossa forma de encarar as cidades e a mobilidade dentro e entre elas.

O concelho de Loures, o sexto mais populoso do país, não tem uma rede de transportes que responda as necessidade da sua população. Comecemos pelo Metropolitano de Lisboa que de metropolitano tem muito pouco pois até hoje apenas tem na sua rede 7 estações que sirvam concelhos limítrofes de Lisboa. No caso de Loures, que em 2009 que se previa passar a ter 6 novas estações ate 2020 (Torres da Bela Vista/Frielas, Loures, Infantado, Santo António dos Cavaleiros, Portela e Sacavém), pode hoje apenas contar com a estação de Moscavide, e podemos adivinhar porque está na fronteira com Lisboa. Ao contrário do que pode ser constatado ao analisar qualquer diagrama de rede de metropolitanos de outras cidades por esse mundo fora onde o este meio de transporte se estende bem para dentro das periferias, aqui por culpa dos sucessivos governos PS e PSD/CDS, têm sido apresentado e logo revogados planos de expansão que levem para todas as populações das periferias um meio tão importante e eficaz como o Metro. Vejamos ainda o mais recente plano de expansão do Metro apresentado pelo actual Governo que ao se focar apenas na criação de uma linha circular dentro do concelho de Lisboa, parece mais preocupado em servir o centro da cidade e os turistas nele alojados. 

Quem vive em Loures está limitado a uma rede de transportes públicos, que em termos de conforto, frequência, acessibilidade e preços fica muito aquém das necessidades de quem aí vive. São inúmeras as situações relatadas por utentes de camionetas onde no inverno chove e no verão se abafa. Muitos utentes têm que andar mais de 20 minutos até terem acesso a uma paragem de autocarro. Juntando a isto a pouca e errática frequência das carreiras, mesmo em hora de ponta, temos uma situação insustentável.

Nada disto é novo e perdura há décadas, sendo uma das origens do problema a privatização e esfacelamento da rodoviária nacional no tempo dos governos Cavaco. Os concelhos do distrito de Lisboa passaram a ser então no que autocarros diz respeito a coutada de dois grupos, a Vimeca e o Grupo Barraqueiro que “serve” o Concelho de Loures. 

Nos últimos 4 anos em que o executivo camarário de Loures esteve nas mãos da CDU (e do PSD) nada mudou, a não ser os lucros da Barraqueiro que aumentaram. O serviço (mesmo pelos números do Grupo Barraqueiro) diminuiu. O número de funcionários, quilómetros percorridos e passageiros transportados têm vindo a diminuir, demonstrando o fraco serviço que esta empresa tem prestado à população. O serviço tem piorado, mas o executivo camarário nada faz, não tendo medida nenhuma que altere este estado de coisas. Relativamente ao que foi prometido há 4 anos no que a mobilidade diz respeito nada foi cumprido. Relativamente às exigências de extensão do metro, estamos conversados. E quanto à articulação com os operadores para suprir as necessidades das populações, nada mudou. Temos um sistema de transportes concessionado que se preocupa apenas com o lucro da empresa concessionada e não com o serviço prestado a quem dele precisa para se deslocar todos os dias. 

Quanto às propostas apresentadas pelo Bloco, de um transporte municipal porta-a-porta, esta é positiva mas insuficiente. A exigência maior passa não apenas pela extensão da Carris mas pelo fim da parceria público-privada com a Barraqueiro que vigora há décadas e que em nada tem servido os interesses dos Lourenses. Exige-se um sistema de transportes realmente público e que tem de passar, para além da extensão da Carris para todo o Concelho de Loures, pela abolição do absurdo e discriminatório sistema de coroas que prejudica quem mais longe vive do centro de Lisboa.

Mas estas exigências essenciais para a vida dos Lourenses não passam apenas pela Câmara, sendo necessário que Bloco de Esquerda e PCP se unam e exijam do governo (que apoiam), uma política de transportes completamente diferente não só para Loures como para todo o território nacional que privilegie as necessidades de quem se desloque e não o lucro do sector privado. Temos direito a passar o menor tempo possível nos transportes e a ter mais tempo de descanso e para estar na companhia daqueles que amamos. Temos direito a cidades com menos automóveis e uma qualidade de ar mais respirável e isso só será possível com mais Metro, com mais frequentes, mais acessíveis e mais confortáveis autocarros e comboios. Queremos Loures e todas as cidades deste país com mais e melhores transportes públicos.

Anterior

O MAS apoia as candidaturas do Bloco de Esquerda em Lisboa

Próximo

BARCELOS INSUBMISSA