Ninguém na esquerda quer um regresso aos governos PSD/CDS. Ninguém na esquerda quer cortes nos salários e pensões. Ninguém na esquerda quer Passos Coelho, Paulo Portas, Assunção Cristas, a troika ou o BCE a ‘mandar’ via Bruxelas. Contudo, o governo António Costa com o apoio (lamentável) do BE e do PCP, já deu para ver, deixa muito a desejar.
O governo e o BE e o PCP falam que repuseram ‘rendimentos’. É conversa fiada. O que deram com uma mão retiraram quase em dobro com a outra por via dos impostos indirectos. O preço da gasolina e do gasóleo continua pela hora da morte. Os escalões do IRS do Passos Coelho continuam em vigor e por este lado são roubados rendimentos à larga maioria dos trabalhadores. O código do trabalho da direita não foi revogado. Ainda não há sequer um mísero salário mínimo de 600 euros, já de si ridículo à escala da Europa.
A idade da reforma continua a caminho dos… 70 anos. Já vai em mais de 66 anos. Mesmo com a geringonça vamos continuar a nos pudermos reformar com 46 anos de descontos (um escândalo) e mais de 66 anos de idade e sempre a subir. Em poucos anos a idade da reforma estará nos… 70 anos! Desta vez pelas mãos da… esquerda. Ou seja, resumindo. Os governos PS, como todos sabemos pela experiência na Europa e também em Portugal há mais de 30 anos, são muito semelhantes aos da direita.
A esquerda dita ‘alternativa’, o Bloco e o PC, no entanto, apoiam este governo PS e vão continuar a apoiar. Dizem que é para evitar a direita. Mas não é verdade. São já partidos sistémicos como o PS, vivem dos milhões de euros das subvenções do Estado, ao abrigo das leis que favorecem os partidos com representação parlamentar.
Na verdade, faz falta uma esquerda anti-sistémica. Vamos pôr os nomes. Faz falta uma esquerda anti-capitalista. Que defenda o que ninguém quer defender: o fim do capitalismo e da exploração do trabalho. Faz falta uma nova esquerda que defenda: salário mínimo de 800 euros já. Queremos as reformas de novo aos 62 anos pelo menos e com 35 anos de descontos. Queremos o fim dos recibos verdes e das empresas de trabalho temporário. Queremos emprego efectivo e salários decentes. Queremos uma universidade pública sem propinas. Queremos de regresso o serviço nacional de saúde sem taxas moderadoras.
É necessário sair do euro e da UE? Pois muito bem, saíamos. É necessário suspender o pagamento da dívida ‘pública’ (como a Alemanha fez depois da II Guerra) pois muito bem, é necessário uma esquerda de combate que o faça. Não queremos Le Pen(es) em Portugal. Uma esquerda tímida que protege um sistema caduco, como o PS, o BE e o PC fazem, mais cedo ou mais tarde abrirão as portas à extrema-direita. Fim do apoio ao governo PS. O BE e o PC deviam preparar uma frente conjunta sem o PS para retirar a direita e o PS do poder. Junta-te ao MAS. Ajuda-nos a erguer uma esquerda verdadeiramente anti-capitalista e corajosa.
Gil Garcia