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Um dia contra o fascismo

Realizou-se anteontem, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH), em Lisboa, um dia de luta contra o fascismo. Este dia, teve dois momentos: um momento cultural e um protesto contra o protesto de um partido de extrema-direita – o PNR.

O momento cultural que antecedeu o protesto foi importante pelo tema abordado – o racismo – mas, a verdade, é que este dia de combate ao fascismo ficaria totalmente incompleto, se depois deste momento cultural, não houvesse um protesto dos estudantes contra o protesto do PNR. Isto porquê? Em primeiro lugar, pelo mote de convocação da manifestação do PNR “pela liberdade de pensamento, opinião e expressão”, convocação esta feita por um partido que defende um regime de partido único e que discrimina as pessoas com base na sua etnia, género, raça ou orientação sexual, e em segundo lugar, porque eram pessoas que defendem este tipo de ideologia e personalidades como Salazar, que pretendiam fazer um debate na FCSH para divulgar estas mesmas ideias que vão contra a lei e a Constituição. Assim sendo, os estudantes fizeram o que de mais bonito se poderia fazer: ir para a porta da faculdade gritar aos fascistas “25 de Abril sempre! Fascismo nunca mais!”, “Ei, fascistas, chegou a vossa hora! Os imigrantes ficam e vocês vão embora!”.

Foi, sem dúvida, a melhor forma de combater 30 fascistas que ali se encontravam, contra uma multidão de mais de 3 centenas de pessoas.

Quem ali esteve a combater os fascistas, saiu com a certeza de que se tem que enfrentar o fascismo de frente, mas para isso acontecer, o combate ao fascismo não pode terminar anteontem. É preciso ir mais além. É preciso que a esquerda se una por uma saída anti-capitalista, saída esta que coloque a necessidade de receber os refugiados, bem como um referendo ao euro e a suspensão do pagamento da dívida, mas para isto acontecer, é também importante que BE e PCP abandonem o seu apoio ao Governo PS, para apontar uma saída pela esquerda que combata assim as falsas soluções de extrema-direita.

Só assim, poderemos combater verdadeiramente as Le Pen’s e os Trumps, porque se não os combatermos desde já, teremos em breve um maior crescimento do PNR (como já aconteceu nas últimas eleições), ou PSD e CDS a virarem cada vez mais à direita, como aconteceu nos EUA com o Partido Republicano e como está acontecer com o discurso de Merkel.

Assim, deixamos aqui o desafio à esquerda, porque se não agirmos desde já, piores dias virão.

João Veloso

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