Marcelo e Jerónimo

Porque é que o PCP vai a Cuba com Marcelo Rebelo de Sousa?

Nos últimos tempos têm surgido diversas polémicas, muitas da vezes artificiais, entre BE e PCP. A mais recente tem a ver com a visita a Cuba promovida pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa a Cuba.

Dos partidos com assento parlamentar, só o Bloco de Esquerda estará ausente. O deputado do PCP Miguel Tiago tratou de atacar o BE, segundo ele seria uma forma de o BE não reconhecer o “processo revolucionário” cubano. Caberia ao deputado comunista perguntar-se que interesse tem o presidente da república, a direita e o PS naquilo que ele chama “processo revolucionário” em Cuba.

A revolução Cubana, liderada por Fidel Castro e Che Guevara foi uma gigantesca vitória do povo cubano e dos trabalhadores do mundo. Essa revolução permitiu que o país deixasse de ser uma semi-colónia dos EUA, acabasse com o analfabetismo, a prostituição e desse trabalho e saúde a todos os cubanos. Nenhum sistema capitalista poderia conseguir isso. E, infelizmente, Cuba é de novo capitalista e tudo isso foi destruído pelos irmãos Castro e o seu regime ditatorial. Por isso é que a direita e o PS vão a Cuba, precisamente porque o que se passa é a venda da ilha a retalho e não um “processo revolucionário”. Seria importante o PCP começar por aqui a suas críticas.

Cuba até há pouco tempo sofria um injusto bloqueio diplomático e económico da parte dos EUA. Mas há muito que o capitalismo ocidental penetrou na ilha.As multinacionais europeias e canadianas há muito que controlam a economia cubana. O turismo, por exemplo, está todo na mão da multinacional espanhola Sol Meliá.Muitas das praias paradisíacas estão interditas aos cubanos para que os turistas europeus se possam lá banhar. A cana do açúcar, principal produção agrícola da ilha, é totalmente privada. Foi precisamente para não perder negócios como este que Obama quer retomar os negócios com os irmãos Castro e visitou recentemente a ilha. Esta reentrada do capitalismo em Cuba significou o ressurgimento da pobreza, do desemprego e da prostituição na ilha. Há poucos anos o próprio estado cubano anunciou o despedimento de 500 mil trabalhadores.

Será isto socialismo? Não! Trata-se de um regresso ao passado: Cuba, aos poucos, volta a ser um paraíso das multinacionais imperialistas, enquanto uma ditadura de partido único dita comunista assegura a passividade do povo. Como uma pequena China caribenha.

Por isso é que Marcelo, a direita e o PS se apressam a visitar a ilha. Como representantes do capitalismo português – que também tem negócios em Cuba – querem participar no saque. Era essa a primeira denúncia que o PCP devia fazer. Além disso devia distanciar-se do regime cubano, tal como do regime chinês ou angolano. Eles nada têm de socialistas. O socialismo pressupõe não só a melhoria das condições materiais e também mais liberdades democráticas para os trabalhadores e o povo. Em Cuba não há uma coisa nem outra. Já ao BE cabia explicar que é por estes motivos que não vai a Cuba e denunciar a missão predatória liderada por Marcelo Rebelo de Sousa. Caso contrário fica a sensação que o BE se quer resguardar dos preconceitos anti-comunistas com que a comunicação social e a direita sempre atacam Cuba e os cubanos.

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