Na Argentina – mulheres não desarmam
Depois uma jovem ter sido violada por mais de 30 homens em Maio no Brasil, da Argentina chegam relatos de verdadeira barbárie.
A violação e assassinato de cinco jovens menores na Argentina só neste mês de Outubro, gerou uma onde de revolta que teve a sua expressão máxima na greve de uma hora (entre as 13h e as 14h) cumprida dia 20 de Outubro. Os protestos encheram as ruas com massivas manifestações em Buenos Aires e um pouco por todo o mundo (Bolívia, Uruguai, Chile…) no mesmo dia, sob o lema “Ni una menos” (“nem uma a menos”).
As 50 organizações convocaram a greve e as marchas não só contra a violência machista mas também contra a conivência do Estado e da Polícia, que não assegura a protecção às mulheres nem pune os agressores. Prova disso é o facto de 2 em cada 10 mulheres assassinadas ter apresentado queixa às autoridades, denunciando os agressores… Na América Latina como em todo o mundo, há uma banalização da agressão sobre as mulheres e são urgentes medidas eficazes na protecção das vítimas para impedir que crimes como estes aconteçam. Se explorarmos as estatísticas, apercebemo-nos de que não são casos isolados – no Brasil uma violação a cada 11 minutos, no México 7 mulheres são assassinadas por dia, na Argentina mais de 200 mulheres são assassinadas por ano e só neste mês de Outubro já foram registados 19 feminicídios, de entre os quais se destacam estes cinco caracterizados por particular violência – eram todas menores, foram espancadas até à morte, abandonadas na rua ou no lixo…
A par do descontentamento ouvem-se também as frases de legitimação dos crimes por alegados desvios comportamentais das vítimas e que espelham o machismo latente na sociedade e a facilidade com que se desresponsabiliza os agressores. As mulheres vítimas de violação são julgadas pela sociedade com frases como “uma fã de bares que abandonou a escola secundária”, “tinha uma vida sem rumo” ou julgadas pelo vestuário pouco decente (seja lá o que isso for). A verdade é que um homem não se sente ameaçado se tiver de caminhar em tronco nu numa rua cheia de mulheres e o contrário não é verdade.
A luta das mulheres argentinas é a luta de todas as mulheres do mundo contra a violência naturalizada numa sociedade machista. “O machismo mata todos os dias!” e “Onde há silêncio há impunidade!” são palavras de ordem que não podemos deixar de gritar bem alto e de levar em mente todos os dias.