Na passada Quinta-Feira, 27 de Agosto, a RTP transmitiu mais uma tourada. Em resposta mais de uma centena de manifestantes protestaram à porta deste canal público.
As reivindicações são claras, a transmissão de tourada não é serviço público, tal como o Provedor da RTP já considerou. Este registou quase 9 mil queixas só em 2015 referentes a críticas sobre a transmissão de tourada, estas reclamações representaram mais de metade do total de queixas recebidas pelo Provedor.
Os manifestantes gritaram frases de ordem como “Tortura não é cultura”, “Promovam a cultura, e não a tortura”, “Tourada com o meu imposto, que grande desgosto” ou “RTP com tourada está desatinada”.
O protesto foi organizado pela Anti-Tourada, Acção Directa, actiVismo, Lx Anti-Tauromaquia e contou com o apoio da Associação de Veterinários Abolicionistas da Tauromaquia – AVAT, Academia Cidadã, Bloco de Esquerda e PAN.
Uma parte significativa dos manifestantes tinha-se deslocado do Campo Pequeno onde outro protesto ocorrera. Este já é frequente, há vários anos, sempre que há uma tourada no Campo Pequeno é convocado um protesto que reúne, geralmente, uma centena de activistas.
Está a decorrer uma petição contra a transmissão de touradas na televisão pública, que conta com mais de 4 mil assinaturas, à qual se junta uma petição onde 66 mil pessoas pedem a “abolição das touradas e de todos os espectáculos com touros“.
Já com as audiências analisadas vemos que a transmissão da tourada foi um fracasso, mesmo estando em horário nobre, não consta nos 15 programas mais vistos do dia e está na oitava posição dos programas transmitidos na quinta-feira na RTP.
O movimento abolicionista das touradas encontra-se cada vez mais forte, coeso e organizado. Vários movimentos e colectivos, todos eles sem fins lucrativos, e compostos por activistas, encabeçam uma luta contra o sofrimento animal que cada vez mais parece estar perto de vingar. A estes movimentos juntam-se também vários partidos como o MAS, o PAN e o Bloco de Esquerda.
O ciber-activismo encontra-se, também ele, consolidado, com a presença de dezenas de páginas, várias de âmbito regional e outras de maior abrangência como a Anti-Tourada, que é acompanhada por 180 mil pessoas no facebook e a Basta de Touradas que acaba de regojizar-se pelos 80 mil likes. Por seu turno, a página do lobby da tauromaquia, Prótoiro, apresenta menos menos de 70% de likes relativamente à Anti-Tourada. Esta realidade demonstra a forma bidimensional como o movimento abolicionista se encontra organizado, tanto com uma forte presença nas redes sociais como nos protestos de rua.
João Miguel Silveste