Portas e José Eduardo dos Santos

PS, PSD, PCP e CDS prestam vassalagem a José Eduardo dos Santos

Segue sem sobressaltos de monta o VII Congresso do MPLA cujos trabalhos tiveram início a 17 de agosto em Luanda.

Os mais de 2500 delegados eleitos irão eleger, em clima de aparente paz e concórdia, o novo comité central e irão, igualmente, discutir e aprovar a única moção de estratégia apresentada a plenário. Aliás, no que toca ao Comité Central, há apenas uma lista encabeçada por José Eduardo dos Santos, que contraria desta forma a promessa várias vezes feita de que abandonaria em breve o lugar que ocupa na cúpula do regime de Angola. Destaque ainda para o facto de a lista para o Comité Central incluir dois filhos do presidente angolano, algo que gerou um certo mal-estar nas fileiras do partido não sendo, todavia, obstáculo à sua ratificação pelos delegados.

O congresso conta com convidados de peso. A lista inclui Carlos César, presidente do PS, Ana Catarina Mendes, secretária-geral adjunta do PS, Teresa Leal Coelho e Marco António Costa, vice-presidentes do PSD. O PCP, aliado do MPLA desde a fase da luta de libertação nacional até ao momento presente, marcado pelo saque organizado ao povo angolano, fez-se representar por Rui Fernandes, membro da Comissão Política. Os aliados de ontem e de hoje disseram presente ao ato de vassalagem ao regime de Angola. Mas a grande novidade vem do CDS que envia nada menos que três representantes entre atuais e antigos dirigentes. São eles Luís Queirós, Hélder Amaral e Paulo Portas, ex-ministro dos governos de Durão Barroso e Pedro Passos Coelho.
É curioso notar o incómodo causado na direção do CDS pelas declarações de Hélder Amaral reclamando uma proximidade crescente entre o CDS e o MPLA. Tal sensação não é alheia ao facto de o CDS representar, nos dias que correm, uma clientela eleitoral saudosa do império colonial e que não perdoam a independência conquistada pelo povo angolano.
É igualmente digna de realce a reação de Manuel Monteiro à inédita presença de tão ilustre comitiva no congresso do MPLA. O ex-líder centrista, outrora amigo indefetível de Paulo Portas, vem acusar o CDS de ir a Luanda em defesa dos interesses pessoais do ex-ministro da defesa. Mais do que uma acusação ao agora seu inimigo figadal, a declaração de Manuel Monteiro encerra uma eloquente explicação acerca da utilidade dos partidos burgueses no contexto da sociedade capitalista.
Eles servem de facilitadores de negócios agindo em nome de uma minoria de privilegiados detentores do poder económico.

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