Manif LGBT e Profs

Marchas pela Educação Pública e pelo Orgulho LGBT: não podemos deixar o governo cooptar estas causas!

No dia 18 de Junho as ruas de Lisboa encheram-se como já não se via há muito. Primeiro com a Marcha pela Educação Pública, depois com a Marcha do Orgulho LGBT.

Felizmente milhares seguiram os chamados para vir à rua defender estas causas. O Movimento Alternativa Socialista esteve em ambas. O MAS saiu à rua com uma postura crítica:  pela educação pública e contra a LGBTfobia, mas também para desmascarar o aproveitamento político que o governo faz destas mobilizações. Como oposição de esquerda ao governo, não podemos deixar de denunciar que o PS, com a ajuda de BE e PCP se colou a estas manifestações para disfarçar as políticas do seu governo, que, no que toca ao sector financeiro, mais fazem lembrar as do governo anterior.

Na CGD, com o apoio de BE e PCP, o PS está a defender uma reestruturação do banco que destrói 2 mil postos de trabalho. Entre esses 2 mil trabalhadores, não haverá LGBT’s afectados? Não haverá famílias que passam a ter mais dificuldades em dar educação aos seus filhos?

O Ministro Mário Centeno disse recentemente nos EUA que os trabalhadores portugueses trabalham muito, com baixos salários, o que seria um atractivo para o investimento privado. Como pode o PS estar ao fim-de-semana na rua com os trabalhadores e à semana a apregoar este tipo de política?

A Escola Pública ou o combate à LGBTfobia não podem servir como “moeda de troca” para justificar mais despedimentos, impostos e subserviência a Bruxelas e mascarar a política do governo.

O governo não recuou nos Mega-Agrupamentos, não diminuiu o número de alunos por turma, não contratou mais professores para a Escola Pública (pelo contrário até os mandou emigrar). Como pode ser o PS bem recebido numa manifestação pela Escola Pública?

Assim como a presença de uma secretária de estado do PS na Marcha do Orgulho LGBT só serve para disfarçar que as conquistas que houve (o direito ao casamento e agora à adopção), são frutos da luta LGBT em Portugal e no mundo e não da benevolência do PS. O PS já esteve em dezenas de governos nos últimos anos e pouco ou nada tinha feito para que não houvesse nem casos como o de Orlando nem como o da Gisberta. Os LGBT’s têm muito poucas razões para aplaudir o PS e muitas razões para aplaudir a sua própria luta.

Era obrigação das organizações que lideraram estas marchas fazer esta distinção e explicar aos manifestantes que não há que confiar neste governo. Que o Orgulho LGBT e a Escola Pública são causas do povo trabalhador que não podem servir de “cosmética” para que este governo pareça de esquerda.

Exigimos medidas reais para reforçar a escola pública e o combate à LGBTfobia.

Exigimos do governo que em vez de enterrar dinheiro em bancos falidos, avance com um programa nacional de combate à LGBTfobia. Exigimos do governo que, em vez de continuar a financiar PPP’s na saúde e na educação “públicas”, contratasse mais professores e diminuísse o número de alunos por turma.

BE, PCP, FENPROF, CGTP, ILGA e demais organizações envolvidas, devem mudar de postura. Devem ter uma política independente do governo. O que fazem, ao não canalizar estas lutas directamente contra o governo actual – dado que a direita já saiu do poder. A actual postura destas organizações acaba por servir de “patrocínio” ao governo do PS que com a “mão esquerda” aparece nestas mobilizações, enquanto que, com a “mão direita” ofereceu o BANIF ao Santander e que se prepara para despedir na CGD.

As grandes mobilizações de ontem dizem-nos o seguinte: é possível e necessário sair à rua em massa, basta que o movimento sindical e a esquerda queiram, coisa que não tem acontecido. Mas que é preciso estar atento, para não fazer da luta um apêndice do governo. Sem independência face ao governo, sem uma oposição de esquerda, corremos o risco de não estar preparados para lutar contra as medidas do governo, que continua a ser um governo do PS, subserviente a Bruxelas e Berlim – e que por estes motivos não vai investir verdadeiramente nem na Escola Pública nem no combate à LGBTfobia.

Manuel Afonso

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