Os trabalhadores e o povo não podem aceitar o novo governo PSD/CDS.
A decisão de Cavaco Silva de convocar Passos Coelho a formar Governo é uma decisão arrogante, de um presidente obcecado em dar continuidade a um governo que tem os dias contados.
Mais grave foi ainda o discurso de Cavaco quando anunciou a sua decisão. Cavaco não só reencaminhou Passos para Primeiro-Ministro como atacou a possibilidade de um governo liderado pelo PS que, tudo indica, tem apoio maioritário no Parlamento. Cavaco deu a entender que não daria posse um governo apoiado por partidos que, segundo ele, defendem “o desmantelamento da união económica e monetária e a saída de Portugal do euro, para além da dissolução da NATO”. Como todos sabem, o PS não defende nada disto e o BE e o PCP nas negociações com o PS, “meteram na gaveta” coisas tão simples como a renegociação da dívida pública, uma medida que há pouco tempo, foi defendida até por Manuela Ferreira Leite, “camarada” de Cavaco Silva. A verdade é que a postura do BE e do PCP é de uma moderação excessiva, pelo que o discurso do Presidente não passa de demagogia barata. O cenário que se apresenta não é, infelizmente, de um governo de ruptura com as políticas que o PS tem defendido nas últimas décadas. Mesmo se fosse esse o cenário, Cavaco Silva não teria na mesma qualquer legitimidade para não empossar um governo destes.
Segundo Cavaco, a negativa em dar posse a um governo apoiado por PCP e BE serve para “impedir que sejam transmitidos sinais errados às instituições financeiras, aos investidores e aos mercados”. O Presidente assume que, mais importante que o resultado das eleições, é a vontade dos “mercados” ou seja, dos grandes bancos alemães e franceses. A postura do Presidente mais não é do que um imitação barata da postura do Governo Alemão quando o Syriza venceu na Grécia. Tal como Passos e Portas, Cavaco vende a soberania do país a troco de nada!
Voltar às ruas contra o governo da direita!
Neste momento, do parlamento podem sair duas soluções de governo: um governo minoritário da direita, odiado, com razão, pelo povo, ou um governo do PS integrado – ou apoiado – por PCP e BE. Não confiamos em qualquer governo chefiado pelo PS. A história diz-nos que os governos deste partido em pouco diferem da direita. Foi até por isso que o povo, sabiamente, não deu maioria ao PS, preferindo reforçar os partidos à sua esquerda. Mas, se conseguir apoio maioritário, o PS tem direito a governar. Ao contrário de BE e PCP, não assumimos responsabilidade por um governo PS, mas não aceitamos que seja Cavaco a decidir quem governa.
O MAS estará presentes nas várias manifestações contra o novo governo da direita. Não para apoiar nenhum governo do PS, mas para levar até ao fim o que tem sido o grande objectivo dos trabalhadores portugueses: correr com Passos e Portas.
Vamos às ruas exigir o fim do governo da direita e dizer que, quando este cair, não aceitamos um governo de gestão. Mas também que queremos a devolução imediata de tudo o que a direita roubou, os salários e pensões mas também as empresas privatizadas. Não entendemos porque BE e PCP não exigem do PS que reverta a privatização da TAP ou que aumente o salário mínimo para 600 € já em Janeiro. Ou porque é que aceitam que só se pode devolver salários e pensões na medida em que se cumpra o Tratado Orçamental. Estaremos nas ruas contra a arrogância da direita mas também para exigir estas medidas em que BE e PCP têm cedido ao PS. O governo PS com BE e PCP não é o nosso governo, mas tem direito a ser empossado!