No dia 1 de Setembro, deu-se o primeiro debate televisivo para as eleições legislativas de 2015. Nele estiveram frente-a-frente Catarina Martins (BE) e Jerónimo de Sousa (PCP).
“Cada um na sua bicicleta”
Tanto Catarina Martins como Jerónimo de Sousa começaram o debate por afastar as suas diferenças e a afirmar aquilo que têm em comum. Voltaram, justamente, as suas baterias para a situação a que o país chegou sob a governação PS, PSD e CDS-PP.
Neste debate ficou patente que PCP e BE tem uma orientação política tão semelhante, que não faz sentido irem a votos divididos. Ainda que sob a pergunta se estão preparados para governar, ambos respondam que sim, a verdade é que nenhum destes partidos quer sair da confortável trincheira da oposição parlamentar. Juntos, poderiam causar em Portugal o terramoto político que o Syriza causou na Grécia. Divididos facilitam a vida ao governo e ao PS.
Este debate televisivo é exemplo de que a convergência política é possível. É mais aquilo que une BE e PCP que aquilo que os separa. Catarina e Jerónimo demonstraram-no e bem.
Varrer o euro para debaixo do tapete?
Para além da justa crítica à política seguida pelos governos PS, PSD e CDS-PP e no que diz respeito às questões em que poderiam divergir, nomeadamente a UE e o euro, BE e PCP acabam por ter igualmente posições muito semelhantes. Quanto mais não seja, existe uma grande semelhança na ambiguidade de ambas as propostas.
Será possível uma política de esquerda sem uma posição firme face ao euro? Basta olhar para a Grécia: como o Syriza apenas tinha o plano de permanecer no euro, por mais alto que tenha gritado “NÃO” à austeridade, o euro só austeridade tem para oferecer.
Nenhum dos partidos, PCP e BE, toma uma posição frontal quanto à saída do euro. Ambos se perdem num labirinto: dão a entender que são contra estar no euro, mas também são contra sair do euro! BE e PCP, ao mesmo tempo que não ajudam a clarificar, continuam a ensaiar os chavões do medo: “a saída do euro por si só, pode ser o pior dos dois mundos”, by BE, ou “é uma evidência que Portugal perdeu muito com o euro […] mas ainda pode perder mais […] mesmo para uma saída do euro, controlada, negociada e assumida pelo Estado português”, by PCP.
Por um lado a Alemanha e a UE clarificam que o euro é igual a austeridade, por outro lado, a esquerda parlamentar trata de obscurecer a discussão do euro por não ser capaz de apresentar uma clara alternativa política consequente com o fim da austeridade.
Se a esquerda parlamentar não é capaz de convergir e ser consequente com uma alternativa à actual política, é necessário que as novas forças políticas anti-austeridade convirjam para que esta alternativa política ganhe corpo e coloque estas questões em debate. Exemplo disso é a coligação AGIR – PTP/MAS. Unidos podemos vencer!