Como mudar a Europa em debate no Acampamento Nacional de Jovens 2015

Nos dias 17,18 e 19 de Julho realizou-se o Acampamento Nacional de Jovens 2015 do MAS, em Serpins, Coimbra.

Numa altura em que o futuro da Europa é um tema incontornável do debate político na sociedade, a discussão deu-se em torno das organizações que têm reflectido a recusa dos trabalhadores e da juventude às políticas de austeridade na Grécia e no Estado Espanhol: o Syriza e o Podemos. Além disso, a luta contra as opressões teve também um lugar de destaque no acampamento.

Durante a tarde do primeiro dia foi exibido o filme “Pride”, que serviu de base a um debate sobre o movimento LGBT. A evolução das marchas, que a nível mundial têm vindo a perder o seu carácter político de ano para ano, sendo vistas de fora muitas vezes como festas e as razões para isso acontecer foram abordadas na discussão. Nesta ressaltou-se a importância da unidade das lutas dos sectores oprimidos com as lutas da classe trabalhadora para um combate consequente às opressões, como retratado no filme através da solidariedade entre os colectivos de gays e lésbicas e uma povoação de mineiros do País de Gales, durante a greve dos mineiros contra o governo neoliberal de Tatcher, nos anos 80. O debate sobre opressões não se esgotou por aí, prolongando-se na noite de Sábado através do Teatro do Oprimido, que foi o meio para introduzir questões como o machismo numa relação de namoro e o racismo no local de trabalho.

PRIDE

Tanto no segundo dia, como na manhã do terceiro, teve lugar o debate “Syriza e Podemos: como mudar a Europa?”. Através da comparação de programas e da análise da atuação do governo grego desde que foi eleito em Janeiro deste ano, chegou-se à conclusão de que é impossível conciliar o inconciliável. Não é possível resgatar simultaneamente banqueiros corruptos que dominam as instituições europeias e resgatar os trabalhadores e juventude da Grécia e da periferia da Europa. Os mesmos credores a quem o governo grego procura dar respostas são aqueles que nos têm posto a corda ao pescoço e que estão ansiosos por a apertar. Só rompendo com os credores, suspendendo o pagamento da dívida ilegítima e introduzindo um debate profundo sobre o euro, começando a planear a saída da moeda única, é possível resgatar os trabalhadores e recuperar a soberania do país.

Discussão em Grupos

Domingo à tarde, após um plenário de balanço em que toda a gente pôde dar a sua opinião sobre o acampamento, teve lugar a sessão de encerramento com intervenções de Rebeca Moore, membro da Comissão de Mulheres do MAS e dirigente estudantil, e Sílvia Franklim, dirigente nacional do MAS. Reforçando a importância de enquadrar as lutas das mulheres trabalhadoras no marco da luta contra a austeridade, Rebeca Moore falou sobre o trabalho desenvolvido pelo MAS nesse sentido. AcampamentoNomeadamente, o aprofundar a discussão sobre questões como a violência, o assédio moral e sexual no trabalho, a desigualdade salarial e a dificuldade em ter, criar e manter filhos através da realização de dois encontros nacionais de mulheres no último ano, do qual saíram as bases para construir um programa específico para futuras acções, assim como para as próximas eleições.

Por fim, Sílvia Franklim falou sobre o processo de reorganização política existente na Europa e dos esforços realizados pelo MAS para a construção de uma coligação que se apresente nas próximas eleições com o objetivo de romper com o bipartidarismo também em Portugal e acabar com a austeridade. Para além disso, salientou a importância da organização da juventude numa altura em que fica cada vez mais claro que uma mudança profunda na Europa só virá através da sua mobilização e dos trabalhadores.

Num ano em que a situação política em Portugal e na Europa é marcada por vários actos eleitorais com novas organizações a ganharam protagonismo na condução dos destinos dos países, por cá tentam convencer-nos de que o pior já passou. No entanto, na Grécia a União Europeia vai mostrando a sua verdadeira face. Decorrido neste contexto, este acampamento mostrou que o MAS está inserido na realidade nacional, contando com participantes de Braga, Famalicão, Aveiro, Coimbra, Lisboa, Amadora e Santarém, estando na linha da frente para disputar as batalhas que se avizinham, tanto nas ruas como nas eleições.

Pedro Godinho

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