Nas últimas eleições [autónomas e municipais espanholas], o Partido Popular (PP) foi fortemente castigado após três anos de corrupção, de políticas contra a classe trabalhadora, de espoliação e desmantelamento do sector público e de ataques à liberdade pública.
Perderam quase dois milhões e meio de votos desde as anteriores municipais. Colapsaram em lugares chave como Madrid e Valência, onde Esperanza Aguirre e Rita Barberá foram derrotadas e humilhadas. Perderam todas as maiorias absolutas que tinham nas Comunidades e vão perder muitos dos seus governos (regionais) e muitos dos seus municípios.
Somamo-nos ao entusiasmo popular perante esta derrota do PP e este golpe a Rajoy. Os resultados são uma clara expressão do grito das ruas durante estes anos de luta: Vão-se embora!
Vitória das candidaturas de unidade popular
As grandes vencedoras foram as candidaturas de unidade popular. Manuela Carmena e Ada Colau podem vir a ser presidentes de Madrid e Barcelona. Noutras cidades como Zaragoza, A Coruña, Santiago ou Cádiz a situação é a mesma.
As pessoas votaram nestas candidaturas com a máxima de colocar as câmaras ao serviço da maioria trabalhadora. Votaram nelas para parar os despejos e para que todos tenhamos acesso a habitação digna. Para estruturar um plano de emergência social que não permita que nenhuma criança se deite sem jantar ou que cortem a luz e a água às famílias. Para defender e recuperar os serviços públicos e expulsar as grandes constructoras. Para auditar e negar a dívida ilegítima.
As candidaturas de unidade popular que cheguem a governo têm que desenvolver estas medidas, mesmo que isso suponha enfrentar-se com as próprias limitações legais dos municípios. Apelar à mobilização é a única forma de segurar o pulso em intituições desenhadas para gerir cortes.
O Partido Socialista Obreo Español (PSOE) apressou-se a esconder-se na “esquerda” e a declarar-se o piloto da “mudança”. Querem vender o seu apoio, necessário em muitos casos para governar, em troca de esterilizar as novas câmaras de se chegarem à frente com qualquer medida de ruptura. Mas não temos que aceitar a chantagem. Há que reivindicar-lhes o apoio com base num plano de emergência social. Se o vetam e preferem oferecer câmaras ao PP ou bloquear a tomada de posse, devem ser denunciados. Os acordos devem ser públicos e preto no branco.
O compromisso das Candidaturas de Unidade Popular foi acordado com os trabalhadores e o povo, com “a gente”, não para garantir que se cumprem as ordens dos de cima. Sob nenhuma circunstância podemos passar a linha.
Nos últimos meses vem surgindo um novo panorama. Expressa-se claramente a vontade de mudança, que pare a sangria que os trabalhadores vêm sofrendo e que faça os muito ricos pagar em vez de nós.
Grandes possibilidades recaem sobre as Candidaturas de Unidade Popular. E também grandes responsabilidades: serem leais aos de baixo e enfrentar os de cima, desobedecer à legalidade traiçoeira quando nos vejamos obrigados a isso. É esse o caminho. Organizar a mobilização e apelar aos próprios trabalhadores públicos é a forma de o efectuar.
Para esta tarefa a Corriente Roja remará para o mesmo lado.
25 de Maio 2015
Declaração de Corriente Roja, partido irmão do MAS no estado espanhol
* Tradução de Pedro Fortunato a partir da declaração original aqui