Editorial do jornal Ruptura nº140, Abril/Maio 2015
A recente ameaça do Governo de Passos Coelho e Paulo Portas em mexer na TSU, a favor dos patrões e em prejuízo da Segurança Social e do povo trabalhador, é um dos últimos episódios que mostram que os políticos da Troika e esta UE continuam a ter como objectivo a continuidade das medidas destruidoras dos nossos direitos sociais e laborais.
O que a política de austeridade da Troika começou, eles querem continuar, avançando com mais medidas para nos fazer pagar a crise que os “donos disto tudo” criaram.
Os escandalosos negócios das PPP (Parcerias Público-Privadas) continuam e agora querem também colocá-las nos transportes de Lisboa (Carris e Metro) através das “concessões” a grupos privados que irão lucrar com a exploração de infraestruturas que vão continuar a ser pagas por todos nós (a grande dívida do Metro de Lisboa e da Carris, que continuará a cargo público, foi motivada por investimentos em material circulante e pelas obras da grande expansão que a rede do metropolitano teve). Saudamos os trabalhadores da Carris e do Metro de Lisboa que têm lutado e realizado greves em defesa do serviço público de transportes e de todos nós, trabalhadores utentes.
Na fúria de sugar os bens públicos também se enquadra a privatização da TAP que este Governo, a mando da Merkel, quer impor e apressar a todo o custo. Esperemos que os trabalhadores da TAP e da Groundforce consigam reerguer a contestação e dificultar mais esta oferta que o PSD e o CDS-PP estão a fazer ao capital estrangeiro.
No campo político, as propostas do PS e de António Costa não se distanciam da submissão às políticas da UE e do Euro, e diversas declarações em reuniões com grupos económicos nacionais e internacionais (lembremos os elogios que Costa fez ao investimento chinês em Portugal) têm mostrado que é para seguir o essencial da política de emprego sem direitos, baixos salários e da asfixia económica da dívida e do Euro. Com um Governo PS apenas mudarão algumas moscas…
Para mudarmos de política temos de cortar com as amarras da austeridade, temos de cortar com os partidos do arco da corrupção e com os seus governos de alternância que mantêm este regime de submissão à UE e ao Euro.
O resultado das eleições regionais da Madeira, apesar de todas as especificidades da região, mostram que o conjunto dos partidos em oposição à austeridade, aos negócios das PPP e às políticas da Troika (JPP, PCP/CDU, BE, PCTP-MRPP e MAS) obtiveram, em conjunto, 23% dos votos.
A nível nacional, a oposição à Troika e às negociatas dos partidos da alternância (PS, PSD e CDS-PP) também colhe apoio semelhante, apesar da grande dispersão partidária. A grave situação de desemprego e pobreza que já atinge perto de 3 milhões de trabalhadores exige que paremos com esta política de austeridade e construamos uma alternativa em convergência para apoiar os trabalhadores e o povo e derrotar as políticas da UE e do Euro seguidas pela direita e pelo PS. É por esta convergência entre todos os que estão contra a austeridade, a Troika e os partidos do arco da corrupção que o MAS vai batalhar para que também possa haver uma verdadeira alternativa nas eleições legislativas.