No passado dia 12 de março, ocorreram as eleições para a Comissão de Trabalhadores (CT) da Volkswagen Autoeuropa. Apresentaram-se três listas ao processo.
A lista A, “Uma CT para Continuar a Garantir Direitos e Emprego”, representando a continuidade da equipa de António Chora, a lista B, com o lema “Renovar” e a lista C, “Defender os Direitos, Garantir o Futuro”. Num quadro de aumento da abstenção, a composição da CT manteve-se, com a ampla maioria dos trabalhadores (cerca de 60%) a votar na lista A de António Chora.
Vivem-se na fábrica tempos de estabilidade depois do anúncio de um investimento de quase 700 milhões de euros em Palmela por parte da empresa alemã em parceria com o governo português. Apesar de ainda continuarem a apoiar o mesmo rumo para a CT, a verdade é que os trabalhadores começam a sentir que é possível e justo os investimentos se reflectirem mais na sua vida.
Este é o grande desafio de quem conduzirá nos próximos anos a CT da maior fábrica em Portugal. Se o governo a pretende usar como bandeira da recompensa da sua política de submissão e austeridade, os trabalhadores devem jogar isso a seu favor e mostrar ao conjunto do país de que é possível conquistar direitos, de que a solução não são os baixos salários e a precariedade.
Para isso é necessário uma CT de luta, que aja mais como representante dos interesses de quem trabalha e menos como órgão de propaganda da administração perante os trabalhadores. Porque se hoje em dia se conquistam avanços importantes como a efectivação de várias centenas de colegas, isso deve-se por um lado ao interesse da empresa alemã nos baixos salários e perda de direitos a que a austeridade deste governo nos tem levado e por outro à qualidade do trabalho desenvolvido em Palmela.
É preciso reivindicar resultados dos investimentos anunciados. Garantir aumentos salariais significativos, contratação de mais trabalhadores, certezas quanto ao próximo modelo a ser produzido na fábrica e aumento do Parque Industrial que potencie a criação de postos de trabalho a dinamize a economia nacional.
Arnaldo Cruz, operário da Autoeuropa