Acordo Varoufakis

Medidas de Varoufakis são um recuo

O último mês foi marcado pela tomada de posse do Governo de Tsipras, e um choque com as Instituições Europeias.

Entre promessas eleitorais, e promessas pós-tomada de posse, o Syriza prometeu: aumentar o salário mínimo dos 586€ para os 751€, travar as privatizações em curso (como a do porto de Pireu) e a readmissão das 600 empregadas de limpeza despedidas pelo anterior governo.

Na semana passada, o ministro das finanças gregas, YanisVaroufakis, esteve em negociações com o Eurogrupo por forma a estender o programa de ajuda financeira à Grécia, por 4 meses.  Parecia quase impossível haver um acordo aceite por ambas as partes, como é fácil de compreender, com propostas de acordos para trás e para a frente.

Sexta-feira ficou assente: o governo de Atenas teria de entregar, até segunda-feira, uma lista de reformas. Essa lista acabou por chegar apenas ontem, terça-feira.

Como qualquer negociação com a UE exige a nossa atenção, esta não é excepção, e exige uma atenção redobrada: é necessário fazer uma comparação da lista de reformas com o programa com o qual o Syriza foi eleito, e com as suas promessas após a tomada de posse. Comecemos pelo salário mínimo: a proposta é de que a reposição do salário mínimo ao valor de 751€ seja feita de forma faseada, em linha com a produtividade da economia e, só depois de haver acordo com os credores o que deixa os salários dos Gregos nas mãos de Merkel. Relativamente às privatizações, a lista de reformas diz que o governo compromete-se a “manter as privatizações em curso e as concluídas”, contrariamente ao que havia prometido. No mesmo acordo, refere ainda, o controlo da despesa dos ministérios da educação e saúde, o que poderá acarretar um corte na despesa em educação, saúde, e apoios sociais. Na lista não vem referido qualquer ponto relativamente à readmissão das 600 empregadas da limpeza, bem como a dos funcionários públicos despedidos pelo anterior governo.

Para criar emprego, subir salários e pensões é necessário que as privatizações, feitas pelo anterior governo, sejam canceladas e as que estão em curso, travadas. O porto de Pireu, por exemplo, é essencial para a economia e deve ser do domínio público. O imediato aumento do salário mínimo é essencial para aumentar o poder de compra dos gregos e ajudar a economia. Para além disto, é necessário que a Grécia suspenda o pagamento da sua dívida, por forma a investir esse dinheiro em saúde, educação e apoios sociais. Não é possível continuar a pagar uma dívida e, ao mesmo tempo, investir na saúde, educação, e fazer crescer um país economicamente.

Nenhum passo atrás pode ser dado. Quanto mais o Governo grego ceder, mais a Alemanha e os credores vão exigir, acabando de vez com a soberania que este governo quer resgatar. Se o Syriza não mudar, dá razão ao euro-deputado do Syriza, histórico da resistência aos nazis – Manolis Glezos – que pediu desculpa aos gregos por “ter participado nesta ilusão”. E como disse o veterano da esquerda grega: “Antes que seja tarde, vamos reagir”.

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